31 de outubro de 2015

Sofrimento: Um trampolim para a maturidade


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Este capítulo faz parte da obra: “O Problema do Mal”, ainda em construção.
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Embora grande parte das pessoas pense que não há razões para Deus permitir o sofrimento em um mundo livre, a realidade nos mostra o oposto. Quase sempre aprendemos algo mediante o sofrimento. Como Norman Geisler e Frank Turek corretamente observam no clássico livro “Não tenho fé suficiente para ser ateu”, você não pode desenvolver a coragem a não ser que esteja em perigo, não pode desenvolver perseverança a não ser que tenha adversidades, não pode desenvolver a compaixão a não ser que alguém esteja passando necessidade, e não pode aprender a servir a não ser que tenha alguém a servir.

18 de outubro de 2015

17 de outubro de 2015

15 de outubro de 2015

É bíblico o unicismo?


Unicistas são os que creem que Pai, Filho e Espírito Santo não são pessoas distintas, mas três manifestações de uma mesma e única pessoa. Este ensino frequentemente está associado a uma compreensão incorreta em relação à trindade, como se os trinitarianos cressem em três deuses, ou em um deus com três cabeças. Uma vez que a Bíblia ensina claramente a existência de um só Deus, eles descartam a possibilidade da trindade e partem para a teoria das três manifestações do mesmo Deus.

14 de outubro de 2015

13 de outubro de 2015

Comentários de Atos 3

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Este capítulo faz parte da obra: “O Novo Testamento Comentado”, de autoria de Lucas Banzoli e de livre divulgação.
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1 E Pedro e João estavam subindo juntos para o Templo à hora da oração (a nona [hora] );
2 E um certo homem estava sendo trazido, que era aleijado desde o ventre de sua mãe, ao qual todo dia colocavam à porta do Templo, chamada [Porta] Formosa, para pedir esmola aos que entravam no Templo.
3 O qual, ao ver Pedro e João perto de entrarem no Templo, ele [lhes] pediu uma esmola.
4 E Pedro, olhando fixamente para ele, junto com João, disse: Olha para nós.
5 E [o aleijado] ficou prestando atenção neles, esperando receber deles alguma coisa.
6 E Pedro disse: Prata e ouro eu não tenho; mas o que eu tenho, isso eu te dou: no nome de Jesus Cristo, o nazareno, levanta-te, e anda!
7 E, tomando-o pela mão direita, levantou [-o] ; e logo os seus pés e tornozelos ficaram firmes.
8 E ele, saltando, pôs-se de pé, e andou, e entrou com eles no Templo, andando, e saltando, e louvando a Deus.
9 E todo o povo o viu andar, e louvar a Deus.
10 E eles o reconheceram, que este era o que se sentava [para pedir] esmola perto da porta formosa do Templo; e ficaram cheios de surpresa e espanto, por causa do que tinha lhe acontecido.
11 E o aleijado que tinha sido curado, tendo se apegado a Pedro e a João, todo o povo correu maravilhado a eles ao alpendre, que se chama de Salomão.
12 E Pedro, vendo [isto] , respondeu ao povo: Homens israelitas, por que vos maravilhais disto? Ou por que vós olhais com tanta atenção para nós, como se por nosso próprio poder ou santidade tivéssemos feito ele andar?
13 O Deus de Abraão, e de Isaque, e de Jacó, o Deus de nossos pais, glorificou a seu filho Jesus, ao qual vós entregastes, e diante do rosto de Pilatos o negastes, [mesmo] ele julgando que fosse solto.
14 Mas vós negastes ao santo e justo, e pedistes que um homem assassino fosse vos dado.
15 E vós matastes ao Príncipe da vida, ao qual Deus ressuscitou dos mortos, do que nós somos testemunhas.
16 E pela fé em seu nome, o nome dele deu firmeza a este, que vedes e conheceis; e a fé que é por meio dele deu a este perfeita saúde na presença de todos vós.
17 E agora, irmãos, eu sei que vós fizestes [isso] por ignorância, assim como também vossos líderes.
18 Mas Deus cumpriu assim o que já antes pela boca de todos os seus profetas ele tinha anunciado, que o Cristo tinha de sofrer.
19 Arrependei-vos, pois, e convertei-vos, para que vosso pecados sejam apagados, quando vierem os tempos do refrigério da presença do Senhor.
20 E ele enviar a Jesus Cristo, que já vos foi pregado anteriormente.
21 Ao qual convém que o céu receba até os tempos da restauração de todas as coisas, que Deus falou pela boca de todos os seus santos profetas, desde o princípio.
22 Porque Moisés disse aos [nossos] pais: O Senhor, vosso Deus, levantará, d [entre] vossos irmãos, a um profeta como a mim; e ele vós ouvireis em tudo o que ele vos falar.
23 E será que toda alma que não ouvir a este profeta será exterminada do povo.
24 E também todos os profetas, desde Samuel e os posteriores, todos os que falaram, também anunciaram com antecedência destes dias.
25 Vós sois os filhos dos profetas e do pacto que Deus estabeleceu com nossos pais, dizendo a Abraão: E em tua semente serão abençoadas todas as famílias da terra.
26 Deus, ao ressuscitar seu filho Jesus, primeiro o enviou a vós, para que [nisto] vos abençoasse: afastando cada um de vós de vossas maldades.



3.1 juntos para o templo. V. nota em At.2:46. a nona hora. I.e, às três horas da tarde.

3.6 prata e ouro eu não tenho. Evidência de que os apóstolos não eram ricos, nem possuíam muitas posses materiais. A única coisa que eles tinham era a cura física, através do nome de Jesus.

3.12 por que olhais com tanta atenção para nós. Pedro rejeitou a atitude daquelas pessoas que passaram a louvá-lo após terem visto a cura realizada. O verso 11 diz que "todo o povo correu maravilhado a eles", e quando Pedro viu isso (v.12) fez questão de tirar o foco de si mesmo e trazê-lo a Cristo (v.13), que deve ser sempre o centro do nosso louvor. Se quando os apóstolos estavam vivos eles rejeitaram que uma multidão inteira os cercasse para honrá-los e faziam questão que a glória fosse dada totalmente a Deus, o que seria se eles vissem hoje uma multidão que faz procissões com imagens de gesso que supostamente remetem a eles, com a finalidade de exaltá-los e prestar-lhes culto?

3.12 como se por nosso próprio poder. Pedro ressalta que eles não curaram o paralítico por algum poder deles mesmos, mas que foi o Senhor Jesus que curou através deles, e por essa mesma razão a glória deveria ser dada a Cristo, e não a eles. Muitos nos dias de hoje invertem este quadro, e prestam honrarias inconvenientes a homens quando veem que este homem fez algo de bom - seja um pastor, um "santo", um cantor ou quem quer que seja - quando toda a glória deveria ser remetida a Deus, o verdadeiro autor da boa obra, e por isso mesmo o digno de todo o mérito. Nós somos apenas "vasos de barro" (2Co.4:7) modelados por Deus, e ninguém em sã consciência louva o vaso em si em vez do seu criador, que fez com que o vaso ficasse bom.

3.15 ao qual Deus ressuscitou dos mortos. V. nota em At.2:24. nós somos testemunhas.V. nota em At.1:3.

3.17 por ignorância. Ignorância espiritual, no mesmo sentido em que Paulo diz que "o deus deste século cegou o entendimento dos incrédulos, para que não lhes resplandeça a luz do evangelho da glória de Cristo" (2Co.4:4). Espiritualmente, há um "véu" que cobre a mente dos incrédulos (2Co.3:14), e por essa razão eles não conseguem discernir a verdade, mesmo quando a verdade é exposta diante deles. É somente quando o véu é retirado, através da graça de Deus, que a pessoa se torna apta a entender aquilo que só pode ser entendido por uma mente espiritual (1Co.2:16).

3.19 arrependei-vos, pois, e convertei-vos. V. nota em Mt.3:2 e em Mt.3:6.

3.21 o céu receba até os tempos da restauração de todas as coisas. Pedro não diz que o Céu vai receber Jesus "para sempre", mas sim "até os tempos da restauração de tudo". A palavra aqui traduzida por "receber" é o grego dechomai, que também significa "conter" ou "segurar", razão pela qual muitas versões traduzem por "convém que o céu o contenha até os tempos da restauração". Isso implica que Jesus não viverá para sempre no Céu, mas somente até os "tempos da restauração", quando então Ele reinará conosco em um Reino físico terreno (v. nota em Jo.18:36), e "o tabernáculo de Deus estará com os homens, com os quais ele viverá" (Ap.21:3).

3.22 um profeta como a mim. Diante de todo o contexto, se refere indiscutivelmente a Jesus, e não a Maomé, como dizem os muçulmanos.

3.23 será exterminada. V. nota em 2Pe.2:6.

12 de outubro de 2015

Comentários de Atos 2

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Este capítulo faz parte da obra: “O Novo Testamento Comentado”, de autoria de Lucas Banzoli e de livre divulgação.
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1 E ao se cumprir o dia de Pentecostes, estavam todos concordando no mesmo lugar.
2 E de repente houve um ruído do céu, como de um vento forte [e] violento, e encheu toda a casa onde eles estavam sentados.
3 E foram vistas por eles línguas repartidas como que de fogo, e se pôs sobre cada um deles.
4 E eles foram todos cheios do Espírito Santo, e começaram a falar em outras línguas, conforme o Espírito lhes dava a discursarem.
5 E havia judeus que estavam morando em Jerusalém, homens devotos, de toda nação abaixo do céu.
6 E acontecendo esta voz, ajuntou-se a multidão; e ela estava confusa, porque cada um os ouvia falar em sua própria língua.
7 E todos estavam admirados, e se maravilhavam, dizendo uns aos outros: Ora, estes que estão falando, não são todos eles galileus?
8 E como nós ouvimos cada um [deles] em nossa própria língua, na qual nascemos?
9 Partos, Medos, Elamitas, os habitantes da Mesopotâmia, da Judeia, Capadócia, Ponto, Ásia,
10 Frígia, Panfília, Egito e regiões da Líbia perto de Cirene, e romanos estrangeiros, tanto judeus como prosélitos,
11 Cretenses e Árabes, os ouvimos em nossas próprias línguas eles falarem das grandezas de Deus.
12 E todos estavam admirados e confusos, dizendo uns aos outros: O que isso quer dizer?
13 E outros, ridicularizando, diziam: Eles estão cheios de vinho doce.
14 Mas Pedro, pondo-se de pé com os onze, levantou sua voz, e lhes falou: Homens judeus, e todos os que habitais em Jerusalém, seja isto conhecido, e ouvi minhas palavras:
15 Porque estes não estão bêbados, como vós pensais, sendo [ainda] a terceira hora do dia.
16 Mas isto é o que foi dito por meio do profeta Joel:
17 E será nos últimos dias, diz Deus, que: Eu derramarei do meu Espírito sobre toda carne, e vossos filhos e filhas profetizarão, e vossos rapazes terão visões, e vossos velhos sonharão sonhos;
18 E também sobre meus servos e sobre minhas servas, naqueles dias eu derramarei do meu Espírito, e profetizarão.
19 E darei milagres acima no céu, e sinais abaixo na terra; sangue, fogo, e vapor de fumaça;
20 O sol se converterá em trevas, e a lua em sangue, antes que venha o grande e notório dia do Senhor.
21 E será que todo aquele que chamar ao nome do Senhor será salvo.
22 Homens israelitas, ouvi estas palavras: Jesus o nazareno, homem aprovado por Deus entre vós, com maravilhas, milagres e sinais, que Deus fez por meio dele no meio de vós, assim como vós mesmos também sabeis;
23 Este, sendo entregue pelo determinado conselho e conhecimento prévio de Deus, sendo tomando, pelas mãos de injustos [o] crucificastes e matastes;
24 Ao qual Deus ressuscitou, tendo soltado as dores da morte; porque não era possível ele ser retido por ela;
25 Porque Davi diz sobre ele: Eu sempre via ao Senhor diante de mim, porque ele está à minha direita, para que eu não seja abalado.
26 Por isso meu coração está contente, e minha língua se alegra, e até mesmo minha carne repousará em esperança.
27 Pois tu não abandonarás minha alma no mundo dos mortos, nem entregarás a teu santo, para que veja corrupção.
28 Tu tens me feito conhecer os caminhos da vida; tu me encherás de alegria com tua face.
29 Homens irmãos, é lícito eu vos dizer abertamente sobre o patriarca Davi, que morreu, e foi sepultado, e a sepultura dele está conosco até o dia de hoje.
30 Portanto, sendo ele profeta, e sabendo que Deus tinha lhe prometido com juramento que, da sua descendência segundo a carne, levantaria ao Cristo para se sentar no seu trono;
31 Vendo [-o] com antecedência, falou da ressurreição do Cristo, que a alma dele não foi abandonada no mundo dos mortos, nem a carne dele viu corrupção.
32 A este Jesus Deus ressuscitou; do qual todos nós somos testemunhas.
33 Portanto, tendo sido exaltado à direita de Deus, e recebido do Pai a promessa do Espírito Santo, derramou isto que agora estais vendo e ouvindo.
34 Porque Davi não subiu aos céus; mas sim, ele diz: Disse o Senhor a meu Senhor: Senta-te à minha direita,
35 Até que eu ponha teus inimigos por escabelo de teus pés.
36 Saiba então com certeza toda a casa de Israel, que Deus o fez Senhor e Cristo a este Jesus, que vós crucificastes.
37 E eles, ao ouvirem [estas coisas] , foram afligidos como que perfurados de coração, e disseram a Pedro, e aos outros apóstolos: Que faremos, homens irmãos?
38 E Pedro lhes disse: Arrependei-vos, e batize-se cada um de vós no nome de Jesus Cristo, para perdão dos pecados; e vós recebereis o dom do Espírito Santo.
39 Porque a promessa é para vós, e para vossos filhos, e para todos que [ainda] estão longe, a tantos quantos Deus, nosso Senhor, chamar.
40 E com muitas outras palavras ele dava testemunho, e exortava, dizendo: Salvai-vos desta geração perversa!
41 Então os que receberam a palavra dele de boa vontade foram batizados; e foram adicionados naquele dia quase três mil almas.
42 E eles perseveravam na doutrina dos apóstolos, na comunhão, no partir do pão, e nas orações.
43 E houve temor em toda alma; e muitos milagres e sinais foram feitos pelos apóstolos.
44 E todos os que criam estavam juntos, e tinham todas as coisas em comum.
45 E eles vendiam [suas] propriedades e bens, e as repartiam com todos, conforme a necessidade que cada um tinha.
46 E perseverando a cada dia em concordância no Templo, e partindo o pão de casa em casa, comiam juntos com alegria e sinceridade de coração.
47 Louvando a Deus, e tendo graça, [sendo do agrado] de todo o povo. E a cada dia o Senhor acrescentava à igreja aqueles que estavam sendo salvos.




2.4 começaram a falar em outras línguas. Há grande debate sobre se essas línguas eram línguas terrenas entendíveis ou celestiais ininteligíveis. O que se sabe é que os apóstolos começaram a falar em línguas, e cada pessoa de fora ouvia em seu próprio idioma (v.8). Duas interpretações tem sido dadas. A primeira (tradicional) é que cada apóstolo falava em uma língua idiomática diferente, e por essa razão as pessoas de diferentes nacionalidades escutavam alguém falando em seu próprio idioma. A segunda (pentecostal) é que os apóstolos falavam em línguas ininteligíveis (estranhas), mas que de modo sobrenatural o Espírito Santo fez com que nesta ocasião específica cada ouvinte ouvisse como se todos estivessem falando em sua própria língua materna. Essa segunda interpretação é reforçada pelos seguintes quesitos: (a) se cada um estivesse falando em uma língua natural diferente ao mesmo tempo, e se fosse esta língua natural que os descrentes estivessem ouvindo, então dificilmente cada estrangeiro iria entender o que estava sendo dito, já que seria tudo uma grande confusão; (b) o texto não passa a ideia de que cada um falava um idioma terreno diferente, mas sim que todos os apóstolos eram ouvidos no idioma da língua de quem ouvia. Isso fica claro pela expressão "cada um deles", no verso 8, que passa nitidamente a ideia de que quem ouvia de fora entendia que cada um dos apóstolos falava na língua em que o estrangeiro ouvia, e não que cada um deles falava em um idioma diferente e que por coincidência um desses idiomas era o daquele que ouvia um apóstolo em especial. O verso 6 também passa essa noção, ao dizer que "cada um os [no plural] ouvia falar em sua própria língua", e não que alguém falava em sua própria língua. O mais provável, portanto, é que os apóstolos estavam falando em línguas estranhas e que Deus fez com que as pessoas de fora ouvissem como se todos estivessem falando no idioma deles, isto é, de quem ouvia. Para ler mais sobre o dom de línguas, veja os comentários ao capítulo 14 de 1Co.

2.13 cheios de vinho doce. NVI: "beberam vinho demais", i.e, que estavam "bêbados", embora estivessem sãos. Às vezes, manifestações do Espírito Santo parecem absurdas demais para os de fora, de maneira que parece que a pessoa não está sã, e se torna alvo de ridicularização. No entanto, isso não é justificativa para ir ao extremo oposto, onde o local de culto se torna uma completa desordem e baderna, na contramão do que Paulo prescreve em 1Co.14:40 (v. nota). O culto cristão deve dar liberdade ao agir do Espírito Santo em vez de se centrar em uma liturgia rígida e monótona onde os seres ali presentes só podem observar e repetir frases prontas, mas também não deve desbancar para o outro extremo, onde "tudo é permitido".

2.15 terceira hora do dia. O equivalente às "nove horas da manhã" (NVI).

2.17 nos últimos dias. É interessante observar que Pedro aplica a profecia de Joel quanto aos "últimos dias" para o seu próprio tempo. Na perspectiva cristã, o mundo presente está dividido em duas eras: o antigo pacto (aliança) e o novo pacto (aliança); a era de Israel e a era da Igreja; o tempo para a primeira vinda e o tempo para a segunda vinda. É como se a história do mundo presente se dividisse em dois tempos: o primeiro, que culminou na morte e ressurreição de Cristo, e o segundo, que se consumará na volta de Jesus. Portanto, todos aqueles que estavam vivos a partir da ressurreição de Cristo já faziam parte do "segundo tempo", que é o último tempo. Essa é a razão pela qual por vezes o termo "últimos dias" ou "último tempo" é aplicado ao início daquela segunda era (At.2:17; Tg.5:3; Hb.1:2), ainda que o final mesmo ainda esteja por vir. Em suma, embora tenhamos o costume de relacionar os "últimos dias" apenas aos eventos finais que estão por vir, a Bíblia compreende os "últimos dias" como sendo todo o período desde o início até o fim da segunda era; isto é, desde a ressurreição de Cristo até Sua volta gloriosa.

2.17 filhos e filhas profetizarão. Não apenas os "filhos", mas também as "filhas". A Bíblia é totalmente favorável ao ministério profético feminino (sobre este mesmo tema, v. nota em At.21:9 e em 1Co.11:5). Levando em consideração que os "últimos dias" compreendem um período que se estende até os dias atuais (2Tm.3:1), logicamente os sonhos, visões e profecias descritos no verso se aplicam ainda hoje.

2.20 grande e notório dia do Senhor. Refere-se em todo o NT ao dia da volta gloriosa de Jesus e da ressurreição dos mortos (1Co.5:5; 2Co.1:14; 1Ts.5:2; 2Ts.2:2; 2Pe.3:10).

2.21 todo aquele que invocar o nome do Senhor será salvo. V. nota em Rm.10:13.

2.22 homem aprovado por Deus. V. nota em Mc.8:22-26. Deus fez por meio dele. Os milagres que Jesus realizava ele não realizava por seu próprio poder, mas pelo poder de Deus que atuava nele (Mt.9:8).

2.24 ao qual Deus ressuscitou. Jesus não "ressuscitou a si mesmo", como alguns dizem, mas foi ressuscitado pelo Pai. tendo soltado as dores da morte. O estado de "morte" na Bíblia não é visto como algo positivo, mas negativo. A morte não é uma amiga que nos leva ao Céu, mas o último inimigo a ser vencido (1Co.15:26), que ainda tem seu "aguilhão" até ser derrotado na ressurreição dos mortos (1Co.15:55-56). É a ressurreição que é a definitiva vitória sobre a morte, quando somos libertados do estado de morte e trazidos ao estado de vida. Uma vez que a ressurreição de Cristo é a garantia da nossa própria ressurreição (1Co.15:20), sua vitória sobre a morte é o que "nos livrou do medo da morte" (Hb.2:15), pois nos trouxe a garantia da nossa própria ressurreição para uma vida eterna (1Co.15:22-23).

2.27 mundo dos mortos. No grego, "Hades", o equivalente ao "Sheol" do hebraico. Sobre o significado do termo, v. nota em Lc.10:15. O sentido do texto é que a alma de Jesus não ficaria "abandonada" no Hades, porque Deus o ressuscitaria antes que ele entrasse em decomposição, e então lhe traria novamente à vida (v.28).

2.29 a sepultura dele está conosco até o dia de hoje. Como Davi ainda continuava morto na sepultura, então a ressurreição que ele havia dito no texto citado aqui por Pedro (Sl.16:10) não se referia a si próprio, mas era uma profecia messiânica, que se cumpriu, portanto, em Jesus.

2.30 para se sentar no seu trono. Cristo é chamado de o "filho de Davi" (v. nota em Mt.22:45), pois nele há o cumprimento de todas as promessas de Deus feitas a Davi e à sua descendência.

2.34 Davi não subiu aos céus. Declaração categórica que refuta a tese de que a alma de Davi já estava no Céu. O fato de Davi não estar no Céu é justamente o argumento de Pedro para o fato de que o estar à direita de Deus não se referia ao próprio Davi, mas ao Messias.

2.39 e para vossos filhos. No sentido de que a promessa do batismo não se limitava apenas àquela presente geração, mas também para os seus "filhos", i.e, os seus descendentes, por observância perpétua. Outra possibilidade provável é que a "promessa" aqui esteja ligada ao "dom do Espírito Santo", que é a última coisa ressaltada no verso anterior. Pedro fala no verso 38 de arrependimento, batismo e possessão do Espírito Santo, e as crianças pequenas e recém-nascidos em geral só se enquadram no terceiro caso, uma vez que não tem idade suficiente para se arrepender deliberadamente por pecados conscientes praticados, e por essa mesma razão não podem se batizar (v. nota em At.8:12).

2.42 perseveravam na doutrina dos apóstolos. O foco da perseverança na fé não estava na pessoa dos "apóstolos" em si, mas na doutrina ensinada pelos apóstolos. Semelhantemente, nos dias de hoje as igrejas verdadeiras não são necessariamente as que tem "sucessão apostólica", mas as que guardam as doutrinas que eram ensinadas pelos apóstolos. Os fariseus também criam ser sucessores de Moisés (Mt.23:2; Jo.9:28) e descendência de Abraão (Jo.8:39) em sentido natural, mas Jesus os repreendeu, pois tinham adicionado tradições extrabíblicas ao conteúdo puro e simples da Palavra de Deus, a Sagrada Escritura (v. notas em Mc.7:15, em Mt.15:2 e em Mt.15:9).

2.42 no partir do pão. Em alusão à eucaristia, a Ceia do Senhor.

2.44 tinham todas as coisas em comum. Não em um sentido comunista, onde a divisão de bens é forçada, sempre gerando miséria e genocídio por onde passa, mas de livre e espontânea vontade, sem qualquer tipo de coerção. Ademais, este sistema aqui vigente no início da igreja deixa de existir após a dispersão, que ocorreu pouco tempo mais tarde (At.8:1), e não volta a ser mencionado na Bíblia. O que os apóstolos praticavam não era comunismo, mas capitalismo com generosidade (em vez de uma forma de capitalismo onde ninguém ajuda ninguém).

2.46 no templo... e de casa em casa. O texto mostra que o problema não era o templo em si, como alguns fanáticos modernos asseveram, como se o fato de congregar em templos fosse em si mesmo algo imundo ou imoral. Se fosse, os discípulos não se reuniriam no templo enquanto ainda podiam fazer isso. Por outro lado, para evitar que caiamos no extremo oposto (onde todo o culto está limitado ao templo), o texto diz também que os discípulos cultuavam nas casas, que mais tarde passou a ser o único meio de reunião, quando o Cristianismo se tornou uma religião ilegal. O importante não é o local em que se cultua a Deus e que comumente é chamado de "igreja", mas sim o coração dos adoradores ali presentes, e a doutrina que está sendo ali ensinada. Se há adoradores em espírito e em verdade (Jo.4:24) compartilhando uma doutrina legitimamente evangélica (Fp.1:27), Deus estará ali presente (Mt.18:20), independentemente se estão se reunindo em um templo, ou em uma casa, ou ao ar livre, ou onde quer que seja. Limitar o agir de Deus para dentro de quatro paredes é justamente o que Paulo critica em At.17:24 (v. nota), e este erro é geralmente praticado tanto pelos adeptos da corrente do "somente templo", quanto pelos adeptos da corrente do "somente casa".

2.47 louvando a Deus. O louvor não era a Maria, nem a José, nem a João Batista, nem aos grandes patriarcas do passado que marcaram a história do AT, mas a um só: Deus. Qualquer louvor que tenha como alvo de glorificação uma outra pessoa que não seja Deus, ou como finalidade outra coisa que não a Sua glória, deve ser repudiado - seja ele um louvor mariólatra da cultura romanista, ou um louvor antropocêntrico da cultura gospel moderna.

11 de outubro de 2015

Comentários de Atos 1

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Este capítulo faz parte da obra: “O Novo Testamento Comentado”, de autoria de Lucas Banzoli e de livre divulgação.
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1 Eu fiz o primeiro livro, ó Teófilo, sobre todas as coisas que Jesus começou, tanto a fazer como a ensinar;
2 Até o dia em que ele foi recebido acima, depois de pelo Espírito Santo ter dado mandamentos aos apóstolos que tinha escolhido;
3 Aos quais também, depois de ter sofrido, apresentou-se vivo com muitas evidências; sendo visto por eles durante quarenta dias, e falando [-lhes] das coisas relativas ao reino de Deus.
4 E, reunindo-os, mandou-lhes que não saíssem de Jerusalém, mas que esperassem a promessa do Pai que (disse ele) de mim ouvistes.
5 Porque João batizou com água, mas vós sereis batizados com o Espírito Santo, não muitos dias depois destes.
6 Então aqueles que tinham se reunido lhe perguntaram, dizendo: Senhor, tu restaurarás neste tempo o Reino a Israel?
7 E ele lhes disse: Não pertence a vós saber os tempos ou estações que o Pai pôs em sua própria autoridade.
8 Mas vós recebereis poder do Espírito Santo, que virá sobre vós; e vós sereis minhas testemunhas, tanto em Jerusalém como em toda a Judeia, e Samaria, e até ao último [lugar] da terra.
9 E tendo ele dito estas coisas, enquanto eles o viam, ele foi levantado acima, e uma nuvem o tirou dos olhos deles.
10 E enquanto eles estavam com os olhos fixos ao céu, depois dele ter ido, eis que dois homens de roupas brancas se puseram junto a eles;
11 Os quais também disseram: Homens galileus, por que estais olhando para o céu? Este Jesus, que foi tomado de vós acima ao céu, assim virá, da maneira como o vistes ir ao céu.
12 Então eles voltaram a Jerusalém do monte que se chama das Oliveiras, o qual está perto de Jerusalém [à distância] de um caminho de sábado.
13 E ao entrarem, subiram ao cômodo superior, onde ficaram Pedro, Tiago, João, André, Filipe, Tomé, Bartolomeu, Mateus, Tiago [filho] de Alfeu, Simão Zelote e Judas [irmão] de Tiago.
14 Todos estes perseveravam concordando em orações, e petições, com as mulheres, com Maria a mãe de Jesus, e com os irmãos dele.
15 E em [algum d] aqueles dias, havendo uma multidão reunida de cerca de cento e vinte pessoas, Pedro se levantou no meio dos discípulos e disse:
16 Homens irmãos, era necessário que se cumprisse a Escritura, que o Espírito Santo, por meio da boca de Davi, predisse quanto a Judas, que foi o guia daqueles que prenderam a Jesus.
17 Porque ele foi contado conosco, e obteve uma porção neste ministério.
18 Este pois, adquiriu um campo por meio do pagamento da maldade, e tendo caído de cabeça para baixo, partiu-se ao meio, e todos os seus órgãos internos caíram para fora.
19 E [isso] foi conhecido por todos os que habitam em Jerusalém, de maneira que aquele campo se chama em sua própria língua Aceldama, isto é, campo de sangue.
20 Porque está escrito no livro dos Salmos: Sua habitação se faça deserta, e não haja quem nela habite; e outro tome seu trabalho de supervisão.
21 Portanto é necessário, que dos homens que nos acompanharam todo o tempo em que o Senhor Jesus entrava e saía conosco,
22 Começando desde o batismo de João, até o dia em que [diante] de nós ele foi recebido acima, se faça um destes testemunha conosco de sua ressurreição.
23 E apresentaram dois: a José, chamado Barsabás, que tinha por sobrenome [o] Justo; e a Matias.
24 E orando, disseram: Tu, Senhor, conhecedor dos corações de todos, mostra a qual destes dois tu tens escolhido.
25 Para que ele tome parte deste ministério e apostolado, do qual Judas se desviou para ir a seu próprio lugar.
26 E lançaram-lhes as sortes; e caiu a sorte sobre Matias. E ele [passou] a ser contado junto com os onze apóstolos.



1.1 o primeiro livro. I.e, o evangelho de Lucas (Lc.1:1-4). todas as coisas. Lucas não diz "algumas" coisas, mas "todas" as coisas, o que nos leva a crer que em seu evangelho já constava tudo o que era suficiente para o nosso conhecimento sobre os ensinos de Jesus, para que possamos crer e ser salvos (sobre o parecer semelhante de João, v. nota em Jo.20:31).

1.3 com muitas evidências. A fé cristã não é uma fé desprovida de evidências, mas uma fé que se fundamenta principalmente no fundamento da ressurreição de Cristo, que é a garantia da nossa própria ressurreição para uma vida eterna (1Co.15:22-23). Para os apóstolos, a ressurreição de Cristo era evidente pelo fato de Jesus, mesmo depois de morto, ter aparecido vivo a eles em diversas ocasiões diferentes e inclusive em grupo, o que deita por terra com qualquer chance de ter sido mera alucinação. Já para nós, a evidência da ressurreição de Jesus é o martírio dos apóstolos, que prova que eles estavam sendo sinceros em seu testemunho da ressurreição de Jesus, uma vez que ninguém morre por algo que sabe que é uma mentira. Os discípulos não ganhariam nada inventando uma mentira; de fato, tudo o que eles ganharam foi perseguição, açoites, prisões e privações por toda a vida, e martírio ao final dela. Somente um Cristo literalmente ressurreto e vivo dentre os mortos poderia motivá-los a passar por tantos sofrimentos sem renegar a fé nem por um instante. Esta é a maior evidência da veracidade da fé cristã. [Para ler mais sobre isso, veja o capítulo 5 de meu livro "As Provas da Existência de Deus"].

1.5 sereis batizados com o Espírito Santo. Não se refere à conversão, porque os discípulos já eram convertidos. Não se refere ao batismo nas águas, porque os discípulos já eram batizados. Também não se refere a possuir o Espírito Santo, porque os discípulos já tinham o Espírito Santo pelo menos desde Jo.20:22. Se refere, obviamente, ao dom de línguas que os discípulos receberiam dentro de poucos dias, o que se cumpriu em At.2:1-4. Esta é uma das provas mais fortes de que o batismo com o Espírito Santo se refere não ao momento do novo nascimento, mas sim ao momento em que os dons espirituais passam a ser liberados sobre o já convertido. Isso implica que nem todos aqueles que são convertidos e que já foram batizados nas águas são batizados com o Espírito Santo, como está claro em At.18:25 (v. nota).

1.7 não compete a vós saber os tempos. Os discípulos criam em uma restauração literal de Israel como nação, e Jesus em momento algum negou isso, nem jamais lhes disse que esta era uma interpretação equivocada. Ao contrário, quando perguntado sobre os tempos em que isso ocorreria, ele não disse que não vai ocorrer, mas sim que isso ocorrerá em um tempo que não lhes competia saber. Algo semelhante ao que ele disse sobre o dia da Sua vinda não poder ser descoberto pelos homens (Mt.24:36). Isso implica que realmente haverá uma restauração literal em Israel como nação, o que também é confirmado por Paulo, quando disse que no final "todo o Israel será salvo" (Rm.11:26, v. nota).

1.11 assim virá, da maneira como o vistes ir ao céu. Isso significa que a volta de Jesus nas nuvens do céu é tão real e literal quanto a sua ascensão. Da mesma forma que Jesus literalmente subiu ao céu em uma nuvem, ele literalmente voltará à terra em uma nuvem, no arrebatamento pós-tribulacional da Igreja. Diante de um contexto que fala de uma vinda literal nas nuvens por analogia, é simplesmente inócuo tentar usar paralelos de textos poéticos do AT onde Deus figurativamente "cavalga numa nuvem" (Is.19:1) para tentar impugnar uma volta literal de Cristo na segunda vinda.

1.13 Judas [irmão] de Tiago. Sobre esta tradução equivocada, v. nota em Lc.6:16.

1.14 Maria. É a última vez em que a mãe de Jesus é mencionada na Bíblia. Ela não volta a ser citada em mais nenhuma parte de Atos ao Apocalipse. irmãos dele. V. nota em Mc.6:3.

1.21 é necessário. Estabelece os pré-requisitos necessários para alguém ser considerado "apóstolo" em sentido estrito (para o grupo dos doze). Obviamente, ninguém se enquadra nestes requisitos hoje, uma vez que era necessário que estivesse presente com os discípulos desde o batismo de João Batista. No entanto, há um sentido mais amplo em que o termo aparece nas Escrituras, como quando Paulo e Barnabé são chamados de apóstolos (At.14:14), assim como Tiago (Gl.1:19) e como Andrônico e Júnias (Rm.16:7). Neste sentido, o "apóstolo" é qualquer um que é enviado ou designado a uma missão evangelística, uma vez que "enviado" é o significado do termo "apóstolo", em grego.

1.24 tu tens escolhido. V. nota em Jo.6:70.

8 de outubro de 2015

Meu novo livro - "Os Evangelhos Comentados"


 Sinopse

Os Evangelhos Comentados é parte de uma Bíblia de Estudos com observações no rodapé sobre os versículos mais polêmicos do Novo Testamento, aqueles que geram debate, discussão e dividem doutrinas. Além disso, contém também alguns comentários de caráter devocional e sobre vida cristã. Neste volume, estão incluídos os livros de Mateus, Marcos, Lucas e João, com seus respectivos comentários. A versão bíblica aqui utilizada é a Bíblia Livre (BLIVRE), traduzida por Diego Santos e Mário Sérgio a partir dos textos originais do grego.

Este comentário aos evangelhos segue as linhas: (a) método gramático-histórico; (b) arminianismo clássico; (c) aniquilacionismo; (d) pentecostalismo moderado; (e) pós-tribulacionismo; (f) Cinco Solas: Sola Scriptura, Sola Fide, Sola Gratia, Solus Christus e Soli Deo gloria. Esta Bíblia de Estudos é ainda complementada pelo meu comentário às epístolas, dividido em dois volumes. Juntos, eles formam O Novo Testamento Comentado.


 Download do e-book gratuito

O download da versão digital completa tanto em formato de Word quanto em PDF pode ser feito através deste link do Mega, juntamente com meus demais livros:


Se alguém não conseguir baixar o arquivo, é só enviar um e-mail para mim (lucas_banzoli@yahoo.com.br) que eu mando por anexo.


 Compra do livro em impresso

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Paz a todos vocês que estão em Cristo.

Por Cristo e por Seu Reino,
Lucas Banzoli (www.lucasbanzoli.com)

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