15 de julho de 2014

Comentários de Mateus 28

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Este capítulo faz parte da obra: “O Novo Testamento Comentado”, de autoria de Lucas Banzoli e de livre divulgação.
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1. E no fim do Sábado, quando já começava a clarear para o primeiro dia da semana, veio Maria Madalena, e a outra Maria, para ver o sepulcro.
2. E eis que se fez um grande terremoto; porque um anjo do Senhor descendo do céu, chegou, e moveu a pedra da porta, e estava sentado sobre ela.
3. E seu aspecto era como um relâmpago, e sua roupa branca como neve.
4. E de medo dele ficaram os guardas muito estremecidos, e tornaram-se como mortos.
5. Porém o anjo, respondendo, disse às mulheres: 
Não temais vós, porque eu sei que buscais a Jesus, o que foi crucificado.
6. Ele não está aqui, porque já ressuscitou, como disse; vinde, vede o lugar onde jazia o Senhor.
7. E ide logo, dizei a seus discípulos que ele já ressuscitou dos mortos; e eis que ele vai adiante de vós para a Galileia; ali o vereis. Eis que tenho vos dito.
8. E saindo elas apressadamente do sepulcro, com temor e grande alegria, correram para anunciar a seus discípulos.
9. E enquanto elas iam para anunciar a seus discípulos, eis que Jesus veio ao encontro delas, e disse: 
Alegrai-vos. 
E elas, achegando-se, pegaram os pés dele e o adoraram.
10. Então Jesus lhes disse: 
Não temais. Ide, anunciai a meus irmãos, para eles irem à Galileia, e ali me verão.
11. E indo elas, eis que uns da guarda vieram à cidade, e anunciaram aos chefes dos sacerdotes todas as coisas que tinham acontecido.
12. E reunidos eles com os anciãos, e tomando conselho entre si, deram muito dinheiro aos soldados,
13. Dizendo: 
Falai: 
Seus discípulos vieram de noite, e o furtaram enquanto nós estávamos dormindo.
14. E se isto vier a ser ouvido pelo governador, nós o persuadiremos, e vos faremos seguros.
15. E eles, tomando o dinheiro, fizeram como foram instruídos. E este dito foi divulgado entre os judeus até o dia de hoje.
16. E os onze discípulos se foram para a Galileia, ao monte onde Jesus tinha lhes ordenado.
17. E quando o viram, o adoraram; porém alguns duvidavam.
18. E chegando Jesus a eles, falou-lhes, dizendo: 
Todo poder me é dado no céu e na terra.
19. Portanto ide, ensinai a todas as nações, batizando-as em nome do Pai, do Filho, e do Espírito Santo; ensinando-lhes a guardarem todas as coisas que eu vos tenho mandado.
20. E eis que eu estou convosco todos os dias, até o fim dos tempos. 
Amém.




28.9 o adoraram. V. nota em Mt.2:11.

28.10 anunciai a meus irmãos. Dependendo do contexto, “irmão” pode estar no sentido de “irmão na fé” (ex: 1Ts.5:25; 1Co.6:6; Mt.18:15), ou no de irmão natural (ex: At.12:2; Mc.3:31; Jo.7:3). Neste contexto, “irmão” está no primeiro sentido, como uma referência aos discípulos (v.8) de Jesus, visto que seus irmãos na carne ainda não criam nele (Jo.7:5). Obviamente, a Bíblia faz distinção muito clara entre os irmãos de Jesus pela carne (irmãos naturais, filhos de Maria e José) e os irmãos de Jesus pela fé (irmãos espirituais, os seus discípulos): “Disseram-lhe, pois, seus irmãos: Sai daqui, e vai para a Judéia, para que também os teus discípulos vejam as obras que fazes” (Jo.7:3).

28.11-15 Essa estratégia dos sacerdotes com os soldados romanos era vantajosa para ambos. Por um lado, os soldados romanos tinham que guardar o sepulcro sob a pena de perderem a própria vida. Eles só poderiam ficar impunes com a ajuda da persuasão dos chefes dos sacerdotes (v.14), que convenceriam Pilatos do contrário. Por outro lado, era vantajoso para os sacerdotes manterem a mentira de que os discípulos de Jesus roubaram o corpo, pois a ressurreição de Cristo colocaria por terra de uma vez só toda a doutrina dos fariseus (que exerceram papel fundamental na crucificação de Cristo) e dos saduceus (que não criam na ressurreição da carne).

Mesmo assim, a mentira de que os discípulos roubaram o corpo enquanto os soldados romanos dormiam poderia ser facilmente refutada. Em primeiro lugar, se os soldados estavam dormindo, como descobriram que foram os discípulos que roubaram o corpo? Se alguém viu, por que não fez nada? Como o barulho da grande pedra sendo removida da porta do sepulcro (Mt.27:60) não despertaria ninguém? Por que nenhum soldado guardaria vigilância de noite, enquanto outros dormiam? Como os discípulos ousariam passar pela guarda romana de soldados bem armados que teriam que guardar o sepulcro com a própria vida? Se os discípulos deram as costas a Jesus durante sua crucificação (Mt.26:31), por que ficariam tão corajosos depois de sua morte? Se não se importaram com ele enquanto estava vivo (quando poderiam mudar algo na história), por que demonstrariam tanto zelo por ele depois de morto?

28.17 o adoraram. V. nota em Mt.2:11. alguns duvidaram. Tomé (Jo.20:25).

28.18 me é dado. Pelo Pai. Jesus restitui para si a “glória que tinha com o Pai antes que o mundo existisse” (Jo.17:5), depois de cumprir sua obra de expiação pelos pecados da humanidade e de vencer a morte.

28.19 batizando-as em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo. Esta é a primeira vez que a fórmula trinitariana é expressa de forma mais clara na Bíblia, com o Pai, Filho e Espírito Santo participando de um mesmo “nome” (de Deus). A trindade não é um Deus com três cabeças, nem três deuses, mas três pessoas (Pai, Filho e Espírito) compartilhando de uma mesma essência (Deus único). Ao dizermos que Deus é “um em três”, não estamos dizendo que Deus é uma pessoa em três pessoas, nem que é um Deus em três deuses (o que seria uma contradição de termos), mas que é um Deus em três pessoas, uma natureza em três centros de consciência. Isso não é uma contradição, embora seja de difícil assimilação. A constatação de que Deus é um em essência e eternamente revelado em três pessoas distintas nada mais é senão a dedução bíblica do fato de que o Pai é Deus, Jesus é Deus (Jo.1:1; Rm.9:5; Tt.2:13; 2Pe.1:1; Jo.20:28; Hb.1:8; Fp.2:6), o Espírito Santo é Deus (At.5:3-4; 1Co.2:10; Sl.139:7-9) e Deus é um (Ef.4:6; Is.45:22; Dt.6:4).

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