30 de setembro de 2015

Comentários de João 21

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Este capítulo faz parte da obra: “O Novo Testamento Comentado”, de autoria de Lucas Banzoli e de livre divulgação.
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1 Depois disto Jesus se manifestou outra vez aos discípulos, junto ao mar de Tibérias; e manifestou [-se] assim:
2 Estavam juntos Simão Pedro, e Tomé (chamado o Dídimo), e Natanael (o de Caná de Galileia), e os [filhos] de Zebedeu, e outros dois de seus discípulos.
3 Disse-lhes Simão Pedro: Vou pescar. Dizem-lhe eles: Também nós vamos contigo. Foram, e subiram logo no barco; e aquela noite nada pescaram.
4 E fazendo-se já manhã, Jesus se pôs na praia; porém os discípulos não sabiam que era Jesus.
5 Então Jesus lhes disse: Filhinhos, tendes [algo] para comer? Responderam-lhe: Não.
6 E ele lhes disse: Lançai a rede do lado direito do barco, e achareis. Lançaram-na pois, e já não a podiam tirar pela multidão dos peixes.
7 Disse pois aquele discípulo, a quem Jesus amava, a Pedro: É o Senhor! Ouvindo pois Simão Pedro que era o Senhor, vestiu-se com a roupa, (porque estava nu), e lançou-se ao mar.
8 E os outros discípulos vieram com o barquinho (porque não estavam longe da terra, mas sim a cerca de duzentos côvados) trazendo a rede de peixes.
9 Quando pois desceram à terra, viram já as brasas postas, e um peixe posto nelas, e mais pão.
10 Disse-lhes Jesus: Trazei dos peixes que pescastes agora.
11 Simão Pedro subiu, e puxou a rede para a terra, cheia de cento e cinquenta e três grandes peixes; e sendo tantos, a rede não se rompeu.
12 Disse-lhes Jesus: Vinde, jantai. E nenhum dos discípulos ousava lhe perguntar: Tu quem és? sabendo que era o Senhor.
13 Então Jesus veio, e tomou o pão, e deu-o a eles; e da mesma maneira o peixe.
14 E esta era já a terceira vez que Jesus se manifestou a seus discípulos, depois de haver ressuscitado dos mortos.
15 Havendo eles pois já jantado, disse Jesus a Simão Pedro: Simão [filho] de Jonas, tu me amas mais do que estes [outros] ? Disse-lhes ele: Sim, Senhor, tu sabes que te amo. Disse-lhe: Alimenta meus cordeiros.
|fn:  N4: João. O mesmo nos versículos seguintes
16 Voltou a lhe a dizer a segunda vez: Simão, [filho] de Jonas, tu me amas? Disse-lhe: Sim, Senhor, tu sabes que te amo. Disse-lhe: Apascenta minhas ovelhas.
17 Disse-lhe a terceira vez: Simão, [filho] de Jonas, tu me amas? Entristeceu-se Pedro de que já pela terceira vez lhe dissesse: Tu me amas? E disse-lhe: Senhor, tu sabes todas as coisas, tu sabes que eu te amo. Disse-lhe Jesus: Alimenta minhas ovelhas.
18 Em verdade, em verdade te digo, que quando eras mais jovem, tu mesmo te vestias, e andava por onde querias; mas quando fores já velho, estenderás tuas mãos, e outro te vestirá, e te levará para onde tu não queres.
19 E disse isto, fazendo entender que [Pedro] glorificaria a Deus com [sua] morte. E tendo dito isto, [Jesus] lhe disse: Segue-me.
20 E virando-se Pedro, viu que [o] seguia aquele discípulo a quem Jesus amava, o que também na ceia se recostara a seu peito, e dissera: Senhor, quem é o que te trairá?
21 Vendo Pedro a este, disse a Jesus: Senhor, e este, que [lhe acontecerá] ?
22 Disse-lhe Jesus: Se eu quero que ele fique até que eu venha, que te importa? Segue-me tu.
23 Saiu, pois, esta conversa entre os irmãos, que aquele discípulo não morreria. Contudo Jesus não lhe disse que não morreria, mas sim: Se eu quero que ele fique até que eu venha, que te importa?
24 Este é o discípulo que testemunha destas coisas, e estas coisas escreveu; e sabemos que seu testemunho é verdadeiro.
25 Ainda há, porém, muitas outras coisas que Jesus fez, que se sobre cada uma delas se escrevessem, penso que nem mesmo o mundo poderia caber os livros escritos. Amém.



21.4 não sabiam que era Jesus. V. nota em Jo.20:14.

21.7 a quem Jesus amava. V. nota em Jo.13:23. e lançou-se ao mar. Pedro era o mais desesperado em estar com Jesus, porque sentia o peso de culpa em função de suas negações ao Mestre.

21.15 tu me amas. Pedro havia negado Jesus três vezes, e agora Cristo lhe dava a oportunidade de se redimir, reafirmando seu amor por Ele também três vezes (aqui e nos versos 16 e 17).

21.15 apascenta meus cordeiros. Esta tarefa não era exclusiva de Pedro, mas de todos os pastores cristãos. O próprio Pedro pediu para que todos os presbíteros apascentassem o rebanho de Deus (1Pe.5:2), e Paulo pediu que todos os bispos pastoreassem a igreja de Deus (At.20:28). Portanto, a tarefa de pastorear o rebanho não era exclusiva de Pedro. Nem tampouco foi dado a Pedro o direito de pastorear pastores, mas apenas de pastorear ovelhas - o mesmo que foi dito a todos os demais. Pedro não era pastor de pastores (bispo de bispos), e sim mais um pastor de ovelhas, como os outros. Jesus estava recolocando Pedro em sua condição de líder após suas negações que geraram angústia e tristeza em seu coração; não, porém, na condição de "bispo dos bispos" (como ensina o catolicismo romano), mas de bispo em igualdade com os demais (v. nota em 1Pe.5:1).

21.18 outro te vestirá, e te levará para onde tu não queres. Jesus se referia ao martírio de Pedro, que, segundo a história, morreu crucificado de cabeça para baixo pelas autoridades romanas, numa cruz invertida ao seu próprio pedido, pois não se julgava digno de morrer da mesma forma que seu Mestre.

21.23 saiu, pois, esta conversa entre os irmãos. João corrige por escrito aquilo que foi erroneamente transmitido oralmente por Pedro, sobre ele não morrer. Este ensino se espalhou rápido como uma “tradição” ainda em plena era apostólica, mesmo sendo um entendimento errado transmitido oralmente. O fato de João ter corrigido por escrito uma transmissão oral errônea de Pedro nos mostra a superioridade da transmissão escrita sobre a transmissão oral. Aquilo que é transmitido oralmente pode tomar formas maiores, se transformar em boatos e cada um ensinar uma tradição diferente, mas aquilo que está escrito fica marcado e definido para sempre. João não fez uso de tradição oral para corrigir outra tradição oral – o que só iria aumentar as dúvidas e incertezas em torno de diferentes tradições – mas decidiu corrigir por escrito, por considerar uma fonte mais segura que aquela.

21.25 muitas outras coisas que Jesus fez. V. nota em Jo.20:30.

23 de setembro de 2015

Comentários de João 20

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Este capítulo faz parte da obra: “O Novo Testamento Comentado”, de autoria de Lucas Banzoli e de livre divulgação.
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1 E no primeiro [dia] da semana Maria Madalena veio de madrugada, sendo ainda escuro, ao sepulcro; e viu a pedra já tirada do sepulcro.
2 Correu pois, e veio a Simão Pedro, e ao outro discípulo a quem Jesus amava, e disse-lhes: Tomaram o Senhor do sepulcro, e não sabemos onde o puseram.
3 Pedro saiu pois e o outro discípulo [também] , e vieram ao sepulcro.
4 E corriam estes dois juntos: e o outro discípulo correu adiante mais depressa que Pedro, e chegou primeiro ao sepulcro.
5 E abaixando-se, viu estar os lençóis; entretanto não entrou.
6 Chegou pois Simão Pedro seguindo-o, e entrou no sepulcro, e viu estar os lençóis [ali].
7 E o lenço que fora [posto] sobre sua cabeça, não [o viu] estar com os lençóis, mas [estava] dobrado em um lugar à parte.
8 Então pois entrou também o outro discípulo, que primeiro chegara ao sepulcro, e viu, e creu.
9 Porque ainda não sabiam a Escritura, que era necessário que ressuscitasse dos mortos.
10 Voltaram pois os Discípulos para [a casa] deles.
11 E Maria estava fora chorando junto ao sepulcro. Estando ela pois chorando, abaixou-se para [ver] o sepulcro.
12 E viu a dois anjos [vestidos] de branco, sentados um à cabeceira, e o outro aos pés, onde estava posto o corpo de Jesus.
13 E disseram-lhe eles: Mulher, por que choras? Disse-lhes ela: Porque levaram a meu Senhor, e não sei onde o puseram.
14 E havendo dito isto, virou-se para trás, e viu Jesus em pé, e não sabia que era Jesus.
15 Disse-lhe Jesus: Mulher, por que choras? A quem buscas? Ela, pensando que era o jardineiro, disse-lhe: Senhor, se tu o levaste, dize-me onde o puseste, e eu o levarei.
16 Disse-lhe Jesus: Maria! Ela, virando-se, disse-lhe: Rabôni! (que quer dizer Mestre).
17 Disse-lhe Jesus: Não me toques; porque ainda não subi para o meu Pai; porém vai a meus irmãos, e dize- lhes: Subo para meu Pai, e para vosso Pai; [para] meu Deus, e [para] vosso Deus.
18 Veio Maria Madalena, e anunciou aos discípulos, que vira ao Senhor, e [que] estas coisas lhe dissera.
19 Vinda pois já a tarde, o primeiro dia da semana, e fechadas as portas onde os Discípulos, por medo dos judeus, tinham se reunido, veio Jesus, e pôs-se no meio [deles] , e disse-lhes: Tenhais paz!
20 E dizendo isto, mostrou-lhes suas mãos, e [seu] lado. Então os discípulos se alegraram, vendo ao Senhor.
21 Disse-lhes pois Jesus outra vez: Tenhais Paz! Como o Pai me enviou, assim eu vos envio.
22 E havendo dito isto, soprou [sobre eles] , e disse-lhes: Recebei o Espírito Santo.
23 A quem quer que perdoardes os pecados, lhes são perdoados; [e] a quem quer que vós retiverdes [os pecados] , [lhes] são retidos.
24 E a Tomé, um dos doze, chamado o Dídimo, não estava com eles, quando Jesus veio.
25 Disseram-lhe pois os outros discípulos: Vimos ao Senhor. Porém ele lhes disse: Se em suas mãos não vir o sinal dos cravos, e não pôr meu dedo no lugar dos cravos, e não pôr minha mão em seu lado, em maneira nenhuma crerei.
26 E oito dias depois, estavam os discípulos outra vez dentro, [e] com eles Tomé; e veio Jesus, fechadas já as portas, e pôs-se no meio, e disse: Tenhais paz!
27 Depois disse a Tomé: Põe teu dedo aqui, e vê minhas mãos; e chega tua mão, e toca-a em meu lado; e não sejas incrédulo, mas sim crente.
28 E respondeu Tomé e disse-lhe: Senhor meu, e Deus meu!
29 Disse-lhe Jesus: Porque me viste, Tomé, creste; bem-aventurados aqueles que não virem, e crerem.
30 Jesus fez também ainda muitos outros sinais ainda em presença de seus discípulos, que neste livro não estão escritos;
31 Porém estes estão escritos, para que creiais que Jesus é o Cristo, o Filho de Deus; e para que crendo, tenhais vida em seu nome.




20.1 veio de madrugada, sendo ainda escuro. Quando Maria Madalena chegou ao sepulcro de Jesus, ele já tinha ressuscitado (v.2). No entanto, ainda não tinha amanhecido, que é quando se inicia o dia para os judeus (às 6:00 da manhã). Isso significa que Jesus ressuscitou antes do domingo chegar. Com base nisso, muitos estudiosos tem questionado a teoria tradicional de que Jesus morreu na sexta e ressuscitou no domingo, sustentando antes que Cristo morreu na quarta e ressuscitou no sábado. Embora haja argumentos suficientes para defender qualquer um dos dois lados nesta discussão, o que mais importa é que Jesus ressuscitou, e não em que dia que isto se deu. Se o dia em si fosse mesmo tão importante, então ele seria mencionado de forma explícita na Bíblia, o que nunca ocorreu.

20.2 o outro discípulo, a quem Jesus amava. V. nota em Jo.13:23.

20.6 viu estar os lençóis ali. Com toda a probabilidade, se trata do Sudário de Turim, que possui provas científicas incontestáveis de autenticidade. Para ler mais sobre isso, consulte o capítulo 6 de meu livro “As Provas da Existência de Deus”.

20.9 não sabiam que a Escritura. Alguns versos do Antigo Testamento que os estudiosos entendem que fazem alusão indireta à ressurreição do Messias são Oseias 6:10 e o Salmo 16:10, que foi usado por Pedro no pentecoste em relação à ressurreição de Jesus (At.2:27).

20.14 não sabia que era Jesus. Certamente porque o Cristo ressurreto não tinha mais uma fisionomia idêntica à de antes da ressurreição (o verso 15 diz que ela pensava que era o jardineiro!). Mc.16:12 diz que Jesus apareceu “em outra forma” aos crentes de Emaús, e Jo.21:4 indica o mesmo.

20.17 ainda não subi para o meu Pai. A entrega do espírito ao Pai (Lc.23:46) não implicou em seu regresso a Ele, porque o espírito humano no conceito bíblico não tem absolutamente nada a ver com uma “alma imortal” no sentido platônico.

20.17 meu Deus. O fato de Jesus ter reconhecido o Pai como Deus não implica que ele mesmo não seja Deus, da mesma forma que o fato do Pai chamar Jesus de “Senhor” em Hb.1:10 e de “Deus” em Hb.1:9 não implica que o Pai também não seja Senhor e Deus.

20.19 pôs-se no meio deles. Por transladação, à semelhança de Filipe (em At.8:39), e não porque o corpo físico ressurreto pudesse literalmente atravessar paredes físicas, o que não tem sentido algum. Nosso corpo ressurreto não voará e nem atravessará paredes, como alguns ensinam, mas será diferente deste corpo presente apenas no aspecto de ser imortal e incorruptível (1Co.15:53-54).

20.23 lhes serão perdoados. O texto grego original está no particípio perfeito passivo, como pode ser visto na tradução do Novo Testamento Interlinear: "E isto tendo dito (depois de dizer isto), soprou em (eles) e diz-lhes: Recebei Espírito Santo ([o] Espírito Santo). Se de alguns (de quem quer que) perdoeis (perdoais) os pecados, perdoados foram a eles (perdoados lhes hão sido); se de alguns (de quem quer que) retenhais (retendes), retidos foram (hão sido retidos)”. Assim sendo, podemos inferir que, ao receberem o Espírito Santo, os discípulos poderiam afirmar que os pecados de alguém foram perdoados, porque realmente já foram perdoados, e que os pecados de alguém não foram perdoados, porque de fato não foram. Não é o fato dos discípulos proclamarem que alguém está perdoado que torna alguém perdoado; ao contrário, é o fato de alguém já ter sido perdoado que faz com que os discípulos, sob a orientação e revelação do Espírito Santo, possam declarar que a pessoa já está perdoada. Da mesma forma, se não perdoarem, é porque a pessoa não foi perdoada por Deus. A ênfase é que a ação do perdão está no passado ou em andamento, mas não no futuro, conforme a teologia católica.

20.28 Senhor meu, e Deus meu. Declaração enfática e incontestável do senhorio e divindade de Cristo. Se Jesus não fosse Deus, Tomé estaria blasfemando ao cometer um grave ato idólatra, mas Jesus em momento nenhum repudia Tomé por aquilo que disse, mas confirma suas palavras no verso seguinte (v.29). Tomé também não estava dizendo "Deus meu" como quando gritamos "meu Deus" ao estarmos assustados, mas se dirigia especificamente a Jesus, o que é confirmado pelo "disse-lhe". É indiscutível, portanto, que nesta ocasião Tomé não estava reconhecendo o Pai, mas Jesus como Deus.

20.30 que neste livro não estão escritos. Ao invés de agir com prudência e cautela sobre o que não foi dito, ficando com aquilo que foi dito, as seitas descem o pé no acelerador e pisam fundo no campo das suposições, hipóteses, devaneios e delírios. Não é à toa que os mórmons, os espíritas, os muçulmanos e os católicos apostam na mesma cartada: entre essas “muitas outras coisas que não foram escritas” os mórmons presumem que está a ida de Jesus à América, os espíritas concluem que está a reencarnação, os muçulmanos acham que estão referências a Maomé, os católicos enxergam a imaculada conceição de Maria, e assim por diante. O eisegeta vai sempre se basear mais naquilo que nunca foi dito, mas que ele quer que tenha sido dito, do que naquilo que realmente foi dito – principalmente se o que foi dito é um golpe de morte em suas próprias invenções eisegéticas.

20.31 porém estes estão escritos, para que creiais. I.e, embora nem tudo o que Jesus fez foi escrito, o que foi escrito é suficiente para a nossa fé.

17 de setembro de 2015

Novo livro - "Exegese de Textos Difíceis da Bíblia"


 Sinopse

A Bíblia é o livro mais vendido, mais lido e mais comentado no mundo todo, e é justamente pela sua importância singular que é necessária uma interpretação igualmente qualificada. Por ser o livro sagrado de milhões de cristãos, são muitas as polêmicas, os debates e as interpretações de cada lado, e o leitor sincero, em busca da verdade, muitas vezes acaba sendo enganado pela interpretação errônea que um pastor, padre ou rabino possa lhe dar. De gente que terceiriza a tarefa de interpretação colocando-a por inteiro nas mãos de uma pessoa falível, até pessoas que vão ao extremo oposto e desprezam as riquezas da história eclesiástica, é necessário recorrer a parâmetros que sirvam de norte ao leitor que busca honestamente a verdade.

Para isso, este livro disponibiliza dez princípios exegéticos básicos que devem ser aplicados pelo intérprete, além de vinte exemplos práticos em torno de textos considerados polêmicos na Bíblia, que dividem opiniões e entendimentos. Em uma linguagem simples mas não simplista, o leitor mais modesto e o já estudioso poderão se aprofundar na arte da hermenêutica bíblica, ampliando seus horizontes e descobrindo os métodos que guiam uma teologia séria e pautada pela verdade.


 Sumário

Introdução  
CAP. 1 – Princípios básicos para uma boa exegese       
• Análise do contexto          
• Análise da linguagem      
• Análise de normatividade           
• Análise de anacronismo  
• Análise de eisegese          
• Análise do sentido
• Análise do fundo cultural
• Análise do original grego ou hebraico  
• Análise da história
• Análise de comentários bíblicos 
CAP. 2 – Quem eram os filhos de Deus, de Gênesis 6:1-4?
CAP. 3 – Jefté sacrificou sua filha?
CAP. 4 – O dom de línguas em 1ª Coríntios 14
CAP. 5 – Um será levado, o outro será deixado
CAP. 6 – O que é o batismo com fogo?
CAP. 7 – Pedro disse que a Escritura não pode ser interpretada individualmente?
CAP. 8 – O que é o batismo pelos mortos?
CAP. 9 – Tatuagem, véu, roupas, cabelo comprido e barba
CAP. 10 – Quem são os 144 mil?
CAP. 11 – O que é o corpo espiritual de 1ª Coríntios 15:44?
CAP. 12 – 1ª Coríntios 3:15 fala do purgatório?
CAP. 13 – O nome do diabo é Lúcifer?
CAP. 14 – Ausente do corpo para habitar com o Senhor
CAP. 15 – Enoque morreu?
CAP. 16 – A Igreja é a coluna e sustentáculo da verdade?
CAP. 17 – A proibição ao homossexualismo em Levítico 18:22 já chegou ao fim?
CAP. 18 – João Batista era a reencarnação de Elias?
CAP. 19 – Os discípulos podiam perdoar pecados?
CAP. 20 – Quem é a mulher de Apocalipse 12?
CAP. 21 – Samuel apareceu a Saul em En-Dor?
Considerações Finais


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O download do PDF completo pode ser baixado em um destes dois links:

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Paz a todos vocês que estão em Cristo.

Por Cristo e por Seu Reino,
Lucas Banzoli (www.lucasbanzoli.com)


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11 de setembro de 2015

João Batista era a reencarnação de Elias?


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Este capítulo faz parte da obra: “Exegese de Textos Difíceis da Bíblia”, ainda em construção.
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Em Mateus 11:14, Jesus afirma aos seus discípulos sobre João Batista:

“E se vocês quiserem aceitar, este é o Elias que havia de vir” (Mateus 11:14)

Os espíritas ensinam, a partir deste texto, que João Batista era a reencarnação de Elias, e os evangélicos e católicos discordam.

Linha 1
Linha 2
João Batista era a reencarnação de Elias
João Batista era o cumprimento profético sobre Elias
Há várias razões pelas quais João Batista definitivamente não pode ter sido uma reencarnação de Elias. Em primeiro lugar, porque a Bíblia não diz que Elias morreu, mas que ele foi arrebatado ao Céu em um redemoinho:

“De repente, enquanto caminhavam e conversavam, apareceu um carro de fogo, puxado por cavalos de fogo, que os separou, e Elias foi levado aos céus num redemoinho” (2ª Reis 2:11)

O caso de Elias é bastante semelhante ao de Enoque (que vimos no capítulo 15 deste livro). Ele não passou pela morte, mas foi transladado vivo, de corpo e alma, para a presença de Deus. Levando em consideração que no espiritismo só há reencarnação para as pessoas que morreram, João Batista não pode ter sido Elias.

Em segundo lugar, foi o próprio João Batista que negou, clara e categoricamente, que ele fosse Elias:

“Esse foi o testemunho de João, quando os judeus de Jerusalém enviaram sacerdotes e levitas para lhe perguntarem quem ele era. Ele confessou e não negou; declarou abertamente: ‘Não sou o Cristo’. Perguntaram-lhe: ‘E então, quem é você? É Elias?’ Ele disse: ‘Não sou’. ‘É o Profeta?’ Ele respondeu: ‘Não’. Finalmente perguntaram: ‘Quem é você? Dê-nos uma resposta, para que a levemos àqueles que nos enviaram. Que diz você acerca de si próprio?’ João respondeu com as palavras do profeta Isaías: ‘Eu sou a voz do que clama no deserto: ‘Façam um caminho reto para o Senhor’” (João 1:19-23)

Aquelas pessoas estavam pensando que João Batista fosse Elias, mas o próprio João refutou tal alegação explicitamente, da forma mais óbvia possível – “Não sou”! Portanto, em qualquer sentido que Jesus tenha dito que João era Elias, certamente não era em termos literais, como se fosse a reencarnação do falecido profeta.

Em terceiro lugar, Elias apareceu pessoalmente no monte da transfiguração, na presença dos discípulos:

“Seis dias depois, Jesus tomou consigo Pedro, Tiago e João, irmão de Tiago, e os levou, em particular, a um alto monte. Ali ele foi transfigurado diante deles. Sua face brilhou como o sol, e suas roupas se tornaram brancas como a luz. Naquele mesmo momento apareceram diante deles Moisés e Elias, conversando com Jesus” (Mateus 17:1-3)

Isso mostra que Elias permanecia sendo Elias, e João permanecia sendo João. Ele não havia mudado de identidade e nem de autoconsciência.

Além disso, a Bíblia rejeita completamente a reencarnação. Ela diz categoricamente que ao homem está destinado morrer uma só vez (Hb.9:27), e é bastante sabido que ela ensina a ressurreição, que é o inverso de reencarnação. O maior capítulo das epístolas é justamente um capítulo inteiro para provar a ressurreição dos mortos (1ª Coríntios 15). Enquanto a ressurreição ensina que o corpo no sepulcro ressuscitará para a vida eterna ou para a condenação (Jo.5:28-29), a reencarnação caminha no sentido oposto, onde o “espírito” vai para o “mundo dos espíritos”, para depois de algum tempo voltar a se encarnar em um pedaço de carne chamado de corpo. Consequentemente, cada pessoa reencarna inúmeras vezes, em milhares de corpos diferentes. A ressurreição é simplesmente desprezada.

Mas se João Batista não era a reencarnação de Elias, então em que sentido Jesus disse que João era Elias? Lucas 1:17 tem a resposta:

“E irá adiante do Senhor, no espírito e no poder de Elias, para fazer voltar o coração dos pais a seus filhos e os desobedientes à sabedoria dos justos, para deixar um povo preparado para o Senhor” (Lucas 1:17)

Em outras palavras, João Batista era Elias no sentido de andar “no espírito e no poder de Elias”. Ele era um cumprimento profético e tipológico de Elias, e não uma reencarnação do antigo profeta. Se o escritor bíblico entendesse que João era literalmente o mesmo espírito que Elias, ele não teria dito que João andaria no espírito de Elias, mas sim com o espírito de Elias. Isso significa que João tinha o mesmo ímpeto que Elias, e não que ele fosse uma reencarnação de Elias. Logo depois que Elias foi arrebatado ao Céu, a Bíblia diz:

“Quando os discípulos dos profetas, vindos de Jericó, viram isso, disseram: ‘O espírito de Elias repousa sobre Eliseu’” (2ª Reis 2:15)

Isso obviamente não significa que Eliseu fosse a “reencarnação” de Elias, porque Elias não morreu e Eliseu já era adulto quando foi separado de Elias. Mesmo assim, é nos dito que o “espírito” de Elias repousava sobre Eliseu, no mesmo sentido em que é nos dito que João Batista andava “no espírito” de Elias. Logicamente, o espírito de Elias estava em Eliseu e em João Batista, não como uma reencarnação, mas como tendo o mesmo ímpeto ou vitalidade que o profeta tinha. Este, aliás, é um dos significados mais recorrentes da palavra “espírito” na Bíblia – a disposição interna de um indivíduo, sua capacidade mental e volitiva[1]. Isso significa que Eliseu e João Batista tinham a mesma disposição de Elias.

João Batista era ainda um cumprimento profético de Elias (Ml.4:5), pois ele veio com a mesma função de Elias. Tanto Elias quanto João prepararam o caminho para a chegada do Messias, o Salvador do mundo. João Batista pode ser considerado, portanto, como aquele que deu prosseguimento ao ministério profético de Elias. Ambos foram perseguidos por uma mulher (Mc.6:18-20; 1Rs.21:20) e por um rei (Mt.14:3-5; 1Rs.19:1-5); ambos usavam uma capa de pêlos (Mt.3:4; 1Rs.19:19); ambos eram intrépidos (Lc.3:7; 1Rs.18:27); ambos eram profetas (Lc.16:16; 1Rs.18:22). Portanto, à luz de todas as evidências bíblicas, podemos concluir que João era Elias no sentido de ser o cumprimento tipológico dele, que veio no mesmo ímpeto, para realizar a mesma função profética.

Por Cristo e por Seu Reino,
Lucas Banzoli (www.lucasbanzoli.com)


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[1] Samuelle Bacchiocchi fez um brilhante trabalho sobre isso, disponível em: http://www.verdadeonline.net/textos/cap2-ivimortal.htm