17 de outubro de 2015

Comentários de Atos 6

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Este capítulo faz parte da obra: “O Novo Testamento Comentado”, de autoria de Lucas Banzoli e de livre divulgação.
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1 Naqueles dias, ao se multiplicar [o número] de discípulos, houve uma murmuração dos gregos contra os hebreus, de que suas viúvas estavam sendo desprezadas no serviço diário [de entrega de comida].
2 E os doze, chamando à multidão dos discípulos, disseram: Não é bom que nós deixemos a palavra de Deus para servirmos às mesas.
3 Portanto, irmãos, buscai sete homens dentre vós, de quem haja [bom] testemunho, cheios do Espírito Santo e de sabedoria, aos quais constituamos sobre esta importante tarefa.
4 Nós, porém, perseveraremos na oração e no serviço da palavra.
5 E esta palavra foi do agrado diante de toda a multidão, e escolheram a Estêvão, homem cheio de fé e do Espírito Santo, e Filipe, Prócoro, Nicanor, Timom, Parmenas e a Nicolão, o prosélito de Antioquia.
6 Aos quais se apresentaram diante dos apóstolos; e eles, orando, puseram as mãos sobre eles.
7 E a palavra de Deus crescia, e o número dos discípulos se multiplicava muito em Jerusalém; e grande multidão dos sacerdotes obedecia à fé.
8 E Estêvão, cheio de fé e poder, fazia milagres e grandes sinais entre o povo.
9 E levantaram-se alguns da sinagoga, [que era] chamada [sinagoga] dos libertos, cireneus, e alexandrinos, e dos [que eram] da Cilícia, e da Ásia, e discutiam contra Estêvão.
10 E eles não podiam resistir à sabedoria e ao Espírito com que ele falava.
11 Então eles subornaram a uns homens, [para que] dissessem: Nós o ouvimos falando palavras blasfemas contra Moisés e [contra] Deus.
12 E incitaram ao povo, aos anciãos e aos escribas; e vieram sobre [Estêvão], e o detiveram, e o levaram ao Supremo Conselho.
13 E apresentaram falsas testemunhas, que diziam: Este homem não para de falar palavras blasfemas contra este santo lugar, e [contra] a Lei.
14 Porque nós o ouvimos dizer que este Jesus Nazareno vai destruir este lugar, e mudar os costumes que Moisés nos entregou.
15 Então todos os que estavam sentados no Supremo Conselho, observando-o com atenção, viram o rosto dele como de um anjo.



6.3 esta importante tarefa. I.e, de “servir às mesas” (v.2). O diaconato não era exatamente um “cargo eclesiástico”, razão pela qual é omitido por Paulo na lista de cargos na Igreja em Efésios 4:11. A palavra “diácono” vem do grego diakoneo, que significa “atendente” ou “servente”. Os diáconos da igreja primitiva cuidavam da parte social da igreja que os apóstolos não tinham tempo para cuidar, já que eles cuidavam da parte do ensino da Palavra. Passando para os dias atuais, o diácono na igreja da época exercia a função que o “obreiro” exerce hoje na maioria das igrejas, embora o termo “obreiro” na Bíblia fosse um vocábulo geral aplicado a qualquer um que trabalhava na obra de Deus, em qualquer área que fosse (v. nota em 2Tm.2:15).

6.7 o número dos discípulos se multiplicava. Ironicamente, e talvez até paradoxalmente, onde os cristãos são perseguidos é em geral justamente onde eles mais crescem. Foi assim na igreja primitiva e também nos três séculos que se seguiram, até que o Cristianismo tivesse liberdade de culto em 313 d.C, e mais tarde se tornasse a religião oficial do império, em 380 d.C. Por mais que os cristãos e a Bíblia fossem severamente perseguidos e caçados, os imperadores romanos não conseguiam destruir nem um e nem o outro, até que precisaram mudar de estratégia e se aliar politicamente, para corromper a Igreja por dentro, fazendo dela o que ela se tornou na Idade Média. Mesmo nos dias de hoje, o número de cristãos cresce em países muçulmanos e na China, onde há mais perseguição. E nos países onde há mais liberdade religiosa e tranquilidade, como nos Estados Unidos e nos países europeus em geral, o número de cristãos cai vertiginosamente. Isso serve para provar que a perseguição muitas vezes serve para moldar e lapidar os verdadeiros cristãos, tornando-os mais firmes na fé e apaixonados por Cristo do que se tivessem a “vida boa”. Como Pedro escreve, a perseguição “acontece para que fique comprovado que a fé que vocês têm, muito mais valiosa do que o ouro que perece, mesmo que refinado pelo fogo, é genuína e resultará em louvor, glória e honra, quando Jesus Cristo for revelado” (1Pe.1:7). Como Tertuliano dizia, “o sangue dos mártires é a semente de novos cristãos”.

6.14 Jesus Nazareno vai destruir este lugar. V. nota em Mt.26:61. e mudar os costumes que Moisés nos entregou. A fé cristã não obriga judeu nenhum a deixar os costumes da tradição judaica praticados desde sempre e que remetem à lei de Moisés. Ela apenas tira dos gentios a necessidade de seguir estas leis, como fica claro no Concílio de Jerusalém (em Atos 15), que determinou apenas quatro exceções dentre as coisas que os cristãos gentios deveriam continuar se abstendo, sendo elas a “comida sacrificada aos ídolos, o sangue, a carne de animais estrangulados e a imoralidade sexual” (At.15:29). Os cristãos judeus, no entanto, continuavam a seguir todas as leis mosaicas, como está claro em At.21:20 (v. nota). Portanto, era falsa a acusação de que Jesus iria mudar os costumes que Moisés entregou aos judeus. 

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