4 de agosto de 2015

Como explicar Deuteronômio 25:11-12?


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Esta carta foi enviada em meu site "Apologia Cristã", na sessão de "Enviar Carta"
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Pergunta:

Lucas, você poderia explicar Deuteronômio 25:11-12? (Anônimo – Campinas/SP – 03/08/2015)


Resposta:

Olá, Anônimo, a paz de Cristo.

A passagem na maioria das traduções diz:

"Se dois homens estiverem brigando, e a mulher de um deles vier para livrar o marido daquele que o ataca e pegá-lo pelos órgãos genitais, cortem a mão dela. Não tenham piedade" (Deuteronômio 25:11-12)

No entanto, a palavra aqui traduzida por "mão" não é yad (que é a palavra hebraica que significa "mão"), mas sim kaph, que tem um significado mais amplo e que em várias situações não significa "mão". Por exemplo, em Gênesis 8:9 ela é usada para a sola do pé; em Gênesis 32:32 é usada para a juntura da coxa; em Números 4:7 significa "panela"; em Número 7:20 significa "colher"; em 1 Samuel 25:29 significa "atiradeira"; em 1 Reis 17:12 significa "punhado"; em Provérbios 6:1 significa "promessa"; em Cantares 5:5 significa "maçaneta", e assim por diante, de modo que não há como tomar como conclusivo e definitivo que era mesmo a "mão" que era cortada (embora este seja o significado mais recorrente do termo).

Quando o significado era de "mão", o sentido era quase sempre da palma da mão, e não tem sentido cortar a "palma" da mão. Se o sentido fosse de cortar a mão fora, o que teria que ser cortado no caso era o pulso, mas o pulso não figura nos significados possíveis de kaph. O estudioso do Antigo Testamento Paul Copan, em sua obra intitulada "Deus é um monstro moral?", propõe uma alternativa que parece fazer mais sentido, que é de "raspar o cabelo da virilha". Isso porque a lei de Moisés era "olho por olho e dente por dente" (Êx.21:24), ou seja, a punição era geralmente correspondente ao local onde foi praticado o crime. Neste caso, se a mulher agrediu as partes íntimas do homem, a punição seria raspar a virilha feminina, que seria uma punição bem mais branda do que "arrancar a mão".

Copan observa que em certos textos bíblicos (ex: Gn.32:26; 32:32) a mesma palavra "kaph" está claramente relacionada com a área pélvica. Copan observa ainda que a forma específica em que o verbo qol está (em Dt.25:12) tem a conotação de "cortar" como um corte de cabeleireiro, e não no sentido de "amputação". Por fim, ele ressalta que este tipo de punição já era comum na Babilônia, de modo que esta não é uma interpretação "improvável", nem qualquer inovação dos hebreus.

Abraços.

Por Cristo e por Seu Reino,
Lucas Banzoli (www.lucasbanzoli.com)


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Um comentário:

  1. A justiça estrita era feita vigorar pela pena de talião, ou retaliação, igual por igual, quando os ferimentos tinham sido causados deliberadamente. (De 19:21) Há pelo menos um caso registrado da execução desta penalidade. (Jz 1:6, 7) Mas os juízes tinham de decidir, à base da evidência, se o crime era deliberado ou se era devido a negligência ou acidente, e assim por diante. Uma exceção à pena de talião era a lei que tratava da situação em que uma mulher tentou ajudar o marido numa luta por agarrar os testículos do outro homem. Neste caso, em vez de se destruir os órgãos reprodutivos dela, amputava-se-lhe a mão. (De 25:11, 12) Esta lei demonstra a consideração de Deus para com os órgãos reprodutivos. Também, visto que a mulher pertencia a um marido, esta lei misericordiosamente tomava em consideração o direito do marido, de ter filhos com a esposa.

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