30 de julho de 2014

Comentários de Lucas 24

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Este capítulo faz parte da obra: “O Novo Testamento Comentado”, de autoria de Lucas Banzoli e de livre divulgação.
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1. E no primeiro [dia] da semana, de madrugada bem cedo, foram ao sepulcro, levando [consigo] os materiais aromáticos que tinham preparado; e algumas [outras] junto delas.
2. E acharam a pedra já revolvida do sepulcro.
3. E entrando, não acharam o corpo do Senhor Jesus.
4. E aconteceu, que estando elas perplexas, eis que dois homens apareceram junto a elas, com roupas luminosas.
5. E estando elas com muito medo, e abaixando o rosto para o chão, eles lhes disseram:
Por que buscam entre os mortos aquele que vive?
6. Ele não está aqui, mas já ressuscitou. Lembrai-vos de como ele vos falou, quando ainda estava na Galileia,
7. Dizendo:
É necessário que o Filho do homem seja entregue nas mãos de homens pecadores, e [que] seja crucificado, e ressuscite ao terceiro dia.
8. E se lembraram das palavras dele.
9. E, voltando do sepulcro, anunciaram todas estas coisas aos onze, e a todos os outros.
10. E eram Maria Madalena, e Joana, e Maria [mãe] de Tiago, e as outras [que estavam] com elas, que diziam estas coisas aos apóstolos.
11. E para eles, as palavras delas pareciam não ter sentido; e não creram nelas.
12. Porém Pedro, levantando-se, correu ao sepulcro; e abaixando-se, viu os tecidos postos separadamente; e saiu maravilhado com o que tinha acontecido.
13. E eis que dois deles iam naquele mesmo dia a uma aldeia, cujo nome era Emaús, que estava a sessenta estádios [de distância] de Jerusalém.
14. E iam falando entre si de todas aquelas coisas que tinham acontecido.
15. E aconteceu que, enquanto eles estavam conversando entre si, e perguntando um ao outro, Jesus se aproximou, e foi junto deles.
16. Mas seus olhos foram retidos, para que não o reconhecessem.
17. E disse-lhes:
Que conversas são essas, que vós discutis enquanto andam, e ficais tristes?
18. E um [deles], cujo nome era Cleofas, respondendo-o, disse-lhe:
És tu o único viajante em Jerusalém que não sabe as coisas que nela tem acontecido nestes dias?
19. E ele lhes disse:
Quais?
E eles lhe disseram:
As sobre Jesus de Nazaré, a qual foi um homem profeta, poderoso em obras e em palavras, diante de Deus, e de todo o povo.
20. E como os chefes dos sacerdotes, e nossos líderes o entregaram à condenação de morte, e o crucificaram.
21. E nós esperávamos que ele fosse aquele que libertar a Israel; porém além de tudo isto, hoje é o terceiro dia desde que estas coisas aconteceram.
22. Ainda que também algumas mulheres dentre nós nos deixaram surpresos, as quais de madrugada foram ao sepulcro;
23. E não achando seu corpo, vieram, dizendo que também tinham visto uma aparição de anjos, que disseram que ele vive.
24. E alguns do que estão conosco foram ao sepulcro, e [o] acharam assim como as mulheres tinham dito; porém não o viram.
25. E ele lhes disse:
Ó tolos, e que demoram no coração para crerem em tudo o que os profetas falaram!
26. Por acaso não era necessário que o Cristo sofresse estas coisas, e [então] entrar em sua glória?
27. E começando de Moisés, e por todos os profetas, lhes declarava em todas as Escrituras o que estava [escrito] sobre ele.
28. E chegaram à aldeia para onde estavam indo; e ele agiu como se fosse para [um lugar] mais distante.
29. E eles lhe rogaram, dizendo:
Fica conosco, porque já é tarde, e o dia está entardecendo;
E ele entrou para ficar com eles.
30. E aconteceu que, estando sentado com eles [à mesa], tomou o pão, o benzeu, [o] partiu, e o deu a eles.
31. E os olhos deles se abriram, e o reconheceram, e ele lhes desapareceu.
32. E diziam um ao outro:
Por acaso não estava nosso coração ardendo em nós, quando ele falava conosco pelo caminho, e quando nos desvendava as Escrituras?
33. E levantando-se na mesma hora, voltaram para Jerusalém, e acharam reunidos aos onze, e aos que estavam com eles,
34. Que diziam:
Verdadeiramente o Senhor ressuscitou, e já apareceu a Simão.
35. E eles contaram as coisas que [lhes aconteceram] no caminho; e como foi reconhecido por eles quando partiu o pão.
36. E enquanto eles falavam disto, o próprio Jesus se pôs no meio deles, e lhes disse:
Paz [seja] convosco.
37. E eles, espantados, e muito atemorizados, pensavam que viam algum espírito.
38. E ele lhes disse:
Por que estais perturbados, e por que sobem dúvidas em vossos corações?
39. Vede minhas mãos, e os meus pés, que sou em mesmo. Tocai-me, e vede, porque um espírito não tem carne nem ossos, como vós vedes que eu tenho.
40. E dizendo isto, lhes mostrou as mãos e os pés.
41. E eles, não crendo ainda, por causa da alegria, e maravilhados, [Jesus] disse-lhes:
Tendes aqui alguma coisa para comer?
42. Então eles lhe apresentaram parte de um peixe assado e de um favo de mel.
43. Ele pegou, e comeu diante deles.
44. E disse-lhes:
Estas são as palavras que eu vos disse, enquanto ainda estava convosco, que era necessário que se cumprissem todas as coisas que estão escritas sobre mim na Lei de Moisés, [nos] profetas, e [nos] Salmos.
45. Então ele lhes abriu o entendimento, para que entendessem as Escrituras.
46. E disse-lhes:
Assim está escrito, e assim era necessário que o Cristo sofresse, e que ao terceiro dia ressuscitasse dos mortos;
47. E que em seu nome fosse pregado arrependimento e perdão de pecados em todas as nações, começando de Jerusalém.
48. E destas coisas vós sois testemunhas.
49. E eis que eu envio a promessa de meu Pai sobre vós; porém ficai vós na cidade de Jerusalém, até que vos seja dado poder do alto.
50. E os levou para fora até Betânia, e levantando suas mãos, os abençoou.
51. E aconteceu que, enquanto os abençoava, ele se afastou deles, e foi conduzido para cima ao céu.
52. E eles, adorando-o, voltaram para Jerusalém com grande alegria;
53. E estavam sempre no Templo, louvando e bendizendo a Deus. Amém.



24.10 Maria mãe de Tiago. V. nota em Mc.15:40.

24.11 pareciam não ter sentido; e não creram nelas. Eles estavam tão desanimados e tão incrédulos quanto a uma ressurreição de Jesus que não creram nem no testemunho das mulheres. Somente uma ressurreição real, verdadeira e literal tiraria os apóstolos do desânimo existencial e os tornaria os maiores evangelistas que este mundo já viu, tão destemidos que enfrentaram a perseguição e o martírio, pelo nome de Cristo. A história mostra que todos os discípulos de Jesus à exceção de João morreram martirizados, e ninguém morre por algo que sabe que é uma mentira. Os apóstolos estavam em condição de saber se aquilo era verdade ou mentira, pois viram Jesus morrendo numa cruz e o viram depois de ressurreto. Não inventariam uma estória que não lhes renderia nada além de uma vida repleta de perseguição, ataques e martírio. Como disse Peter Kreeft: “Por que os apóstolos mentiriam? Se eles mentiram, qual foi sua motivação, o que eles obtiveram com isso? O que eles ganharam com tudo isso foi incompreensão, rejeição, perseguição, tortura e martírio. Que bela lista de prêmios!”.

24.16 seus olhos foram retidos. Não seus olhos físicos, mas seus “olhos espirituais”, no sentido de que embora eles vissem Jesus não conseguiam saber que era ele.

24.21 esperávamos que ele fosse aquele que libertaria a Israel. V. nota em Mc.10:32.

24.27 lhes declarava em todas as Escrituras o que estava escrito sobre ele. Jesus não mostrou nenhuma tradição oral ou fonte extra-bíblica, mas provou tudo com base nas Escrituras, sua única regra de fé e prática (v. nota em Mt.15:2).

24.31 os olhos deles se abriram. V. nota em Lc.24:16.

24.36 se pôs no meio deles. Da mesma forma que ele desapareceu instantaneamente (v.31), ele também apareceu milagrosamente (v.36), embora a casa onde os discípulos estavam reunidos estivesse com as portas fechadas (Jo.20:26).

24.37 pensavam que viam algum espírito. Eles definitivamente não estavam vendo um ser imaterial, pois Jesus mostrou estar ali fisicamente presente, incluindo mostrando-lhes as mãos e os pés (v.39). O temor dos discípulos aqui explica-se pelo espanto da mesma forma que ocorreu quando eles pensaram estar vendo um “fantasma” em alto mar (v. nota em Mt.14:26), o que obviamente não significa que eles teologicamente cressem na existência de fantasmas – estavam apenas apavorados. Jesus lhes assegurou que não era um “espírito” (um demônio ou “fantasma”, já que o termo aqui é pejorativo, diferentemente de como seria caso pensassem estar vendo um anjo de Deus), ao pedir que eles tocassem em si (v.39) e ao comer com eles (v.41).

24.39 um espírito não tem carne nem ossos. Como anjos e demônios, e até o próprio Deus (Jo.4:24).

24.49 a promessa de meu Pai. O Espírito Santo (v. nota em Jo.16:13). até que vos seja dado poder do alto. O que aconteceu quando foram batizados com o Espírito Santo (v. nota em At.2:2-4).

24.52 adorando-o. V. nota em Mt.2:11.

Comentários de Lucas 23

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Este capítulo faz parte da obra: “O Novo Testamento Comentado”, de autoria de Lucas Banzoli e de livre divulgação.
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1. E levantando-se toda a multidão deles, o levaram a Pilatos.
2. E começaram a acusá-lo, dizendo:
Encontramos este [homem], que perverte a nação, e proíbe dar tributo a César, dizendo que ele mesmo é Cristo, o Rei.
3. E Pilatos lhe perguntou, dizendo:
Tu és o Rei dos judeus?
E respondendo, ele lhe disse:
Tu o dizes.
4. E Pilatos disse aos chefes dos sacerdotes, e às multidões: 
Não acho culpa nenhuma neste homem.
5. Mas eles insistiam, dizendo: 
Ele incita ao povo, ensinando por toda a Judeia, começando desde a Galileia até aqui.
6. Então Pilatos, ouvindo [falar] da Galileia, perguntou se aquele homem era galileu.
7. E quando soube que era da jurisdição de Herodes, ele o entregou a Herodes, que naqueles dias também estava em Jerusalém.
8. E Herodes, ao ver Jesus, alegrou-se muito, porque havia muito tempo que desejava o ver, pois ouvia muitas coisas sobre ele; e esperava ver algum sinal feito por ele.
9. E perguntava-lhe com muitas palavras, mas ele nada lhe respondia;
10. E estavam [lá] os chefes dos sacerdotes, e os escribas, acusando-o com veemência.
11. E Herodes, com seus soldados, desprezando-o, e escarnecendo dele, o vestiu com uma roupa luxuosa, e o enviou de volta a Pilatos.
12. E no mesmo dia Pilatos e Herodes se fizeram amigos; porque antes tinham inimizade um contra o outro.
13. E Pilatos, convocando aos chefes dos sacerdotes, aos líderes, e ao povo, disse-lhes:
14. Vós me trouxestes a este homem, como que perverte o povo; e eis que eu, examinando-o em vossa presença, nenhuma culpa eu acho neste homem, das de que o acusais.
15. E nem também Herodes; porque a ele eu vos remeti; e eis que ele nada fez para que seja digno de morte.
16. Então eu o castigarei, e [depois] o soltarei.
17. E ele tinha a necessidade de soltar-lhes alguém durante a festa.
18. Porém todos clamavam juntos, dizendo:
Tirai-o daqui! E soltai Barrabás para nós!
19. (O qual por uma rebelião feita na cidade, e [por] uma morte, tinha sido lançado na prisão).
20. Pilatos falou-lhes então outra vez, querendo soltar Jesus.
21. Mas eles clamavam, dizendo:
Crucifica[-o]! crucifica-o!
22. E ele lhes disse a terceira vez:
Pois que mal este fez? Nenhuma culpa de morte nele eu achei. Então eu o castigarei, e [depois] o soltarei.
23. Mas eles continuavam, com grandes gritos, pedindo que fosse crucificado. E seus gritos, e [os] dos chefes dos sacerdotes, prevaleceram.
24. Então Pilatos julgou que se fizesse o que pediam.
25. E soltou-lhes ao que fora lançado na prisão por uma rebelião e [uma] morte, que [era] o que pediam; porém a Jesus [lhes] entregou à sua vontade.
26. E enquanto o levavam, tomaram a um Simão Cireneu, que vinha do campo, e puseram-lhe a cruz às costas, para que a levasse atrás de Jesus.
27. E seguia-o uma grande multidão do povo, e de mulheres, as quais também ficavam desconsoladas, e lamentavam por ele.
28. E Jesus, virando-se para elas, disse:
Filhas de Jerusalém, não choreis por mim, mas chorai por vós mesmas, e por vossos filhos.
29. Porque eis que vêm dias em que dirão:
Bem-aventuradas as estéreis, e os ventres que não deram a luz, e os peitos que não amamentaram.
30. Então começarão a dizer aos montes:
Cai sobre nós;
E aos morros:
Cobri-nos!
31. Porque, se fazem isto à árvore verde, o que se fará com a [árvore] seca?
32. E também levaram outros dois, que eram malfeitores, para matar com ele.
33. E quando chegaram ao lugar, chamado a Caveira, o crucificaram ali, e aos malfeitores, um à direita, e outro à esquerda.
34. E Jesus dizia:
Pai, perdoa-lhes, porque não sabem o que fazem. E, repartindo suas roupas, lançaram sortes.
35. E o povo estava olhando; e os líderes também zombavam com eles, dizendo:
Salvou a outros, salve agora a si mesmo, se é o Cristo, o escolhido de Deus.
36. E os soldados também escarneciam dele, aproximando-se dele, e mostrando-lhe vinagre;
37. E dizendo:
Se tu és o Rei dos judeus, salva a ti mesmo.
38. E também estava acima dele um título escrito com letras gregas, romanas e hebraicas:
ESTE É O REI DOS JUDEUS.
39. E um dos malfeitores que estavam pendurados o insultava, dizendo:
Se tu és o Cristo, salva a ti mesmo, e a nós.
40. Porém o outro, respondendo, repreendia-o, dizendo:
Tu ainda não temes a Deus, [mesmo] estando na mesma condenação?
41. E nós realmente [estamos sendo punidos] justamente, porque estamos recebendo de volta merecidamente por aquilo que praticamos; mas este nada fez de errado.
42. E disse a Jesus:
Senhor, lembra-te de mim, quando chegares em teu Reino.
43. E Jesus lhe disse:
Em verdade te digo hoje, estarás comigo no paraíso.
44. E era já quase a hora sexta, e houve trevas em toda a terra, até a hora nona.
45. E o sol se escureceu, e o véu do templo se rasgou ao meio.
46. E Jesus, clamando em alta voz, disse:
Pai, em tuas mãos eu entrego meu espírito.
E tendo dito isto, parou de respirar.
47. E o centurião, vendo o o que tinha acontecido, deu glória a Deus, dizendo:
Verdadeiramente este homem era justo.
48. E todas as multidões que se juntavam para observar, vendo o que tinha acontecido, voltaram, batendo nos peitos.
49. E todos os seus conhecidos, e as mulheres que acompanhando[-o] desde a Galileia, tinham o seguido, estavam longe, vendo estas coisas.
50. E eis que um homem, de nome José, membro do conselho [de justiça], sendo homem bom e justo. 
51. (Que não tinha concordado, nem com o conselho, nem em atos que fizeram), da cidade de Arimateia, [da terra] dos judeus, e que também esperava pelo Reino de Deus.
52. Este, chegando a Pilatos, pediu o corpo de Jesus.
53. E tendo o tirado, o envolveu em um tecido de linho, e o pôs em um sepulcro, escavado em uma rocha, onde nunca ainda tinha sido posto.
54. E era o dia da preparação, e o sábado estava começando.
55. E as mulheres que vieram com ele da Galileia também [o] seguiram, e viram o sepulcro, e como seu corpo foi posto.
56. E elas, ao voltarem, prepararam materiais aromáticos e óleos perfumados. E descansaram o sábado, conforme o mandamento.



23.2 proíbe dar tributo a César. Para Jesus ser legalmente condenado diante de Pilatos (o governador romano), não bastariam as acusações de cunho religioso, como as que condenaram Jesus no julgamento diante de Caifás (22:66-71). Era necessário fazer alguma acusação de cunho político, algum crime contra Roma que merecesse a morte, que, no caso, foi a calúnia de que Jesus proibia pagar imposto a César, quando de fato o que ele pregou foi exatamente o contrário (Mt.22:21).

23.3 tu és o Rei dos judeus? Por razões óbvias, as autoridades romanas puniam com a morte qualquer um que se declarasse “rei”, isto é, que instaurasse uma revolução ou um motim entre o povo, insurgindo-se contra Roma. Jesus, porém, era rei em um sentido diferente, não de um Reino físico, mas de um Reino nos céus.

23.7 o entregou a Herodes. Querendo transferir a responsabilidade, da mesma forma que fez ao lavar as mãos (v. nota em Mt.27:24).

23.26 puseram-lhe a cruz às costas. V. nota em Mt.27:32.

23.29 bem-aventuradas as estéreis. Em direta simetria com o “ai das grávidas” (v. nota em Mt.24:19).

23.30 cai sobre nós; e aos morros: cobri-nos! Em Apocalipse é dito que “naqueles dias os homens procurarão a morte, mas não a encontrarão; desejarão morrer, mas a morte fugirá deles” (Ap.9:6).

23.31 se fazem isto à árvore verde, o que se fará com a árvore seca? I.e, se fazem isso enquanto Jesus ainda está entre eles, quanto mais depois que já não estiver. A perseguição a Cristo era só o começo da perseguição implacável aos cristãos em geral.

23.33 chamado a Caveira. V. nota em Mc.15:22.

23.34 não sabem o que fazem. O faziam por ignorância espiritual, pois estavam cegos espiritualmente pelo “deus deste século”, que “cegou o entendimentos dos incrédulos, para que não lhes resplandeça a luz do evangelho da glória de Cristo” (2Co.4:4). O sentido do texto é que, se eles pudessem ver espiritualmente, não fariam com Cristo aquilo que estavam fazendo, e somente o faziam porque eram ignorantes das coisas de Deus. Alguém que está em trevas não vê se um abismo está à sua frente, e pode cair nele. Se estivesse na luz, saberia do que está fazendo e evitaria a queda.

23.35 salve agora a si mesmo. A ironia estava no fato de que Cristo não estava na cruz para salvar a si mesmo, mas para salvar exatamente aquelas pessoas que estavam zombando e pedindo que ele salvasse a si mesmo! Se Cristo salvasse a si mesmo, não teria salvado eles. Ele decidiu morrer para si mesmo, porque a sua morte era vida para muitos outros. Ele morreu pela única razão de que pudéssemos viver.

23.42 quando chegardes em teu Reino. A maioria das traduções bíblicas vertem por “quando vier em teu Reino”, e não por “quando entrar no teu Reino”. A palavra grega aqui utilizada, erchomai, pode ter tanto um como o outro significado, mas o de “vir” é bem mais frequente do que o de “entrar”. Ela aparece 620 vezes no NT, sendo 512 vezes no sentido de “vir” e somente duas vezes no sentido de “entrar” (NAS New Testament Lexicon grego). Buttmannm acrescenta que “quando é usado com substantivos de tempo, expressa um sentido futuro, virá" (Buttmannm 204; Winer Gramática § 40, 2).

23.43 estarás comigo no Paraíso. O original grego não possuía vírgulas ou pontuação alguma, e o que Jesus literalmente disse foi: “em verdade te digo hoje estarás comigo no Paraíso”, ficando a vírgula totalmente a critério do tradutor (que na maioria das vezes é imortalista, e por essa razão traduz o verso de acordo com a tradição denominacional que possui). O verso poderia ser entendido como "em verdade te digo, hoje estarás comigo no Paraíso", ou como "em verdade te digo hoje, estarás comigo no Paraíso". As razões que levam a crer que esta segunda alternativa de tradução é mais plausível são diversas. Primeiro, porque mesmo depois de ressurreto Jesus disse a Maria Madalena que “não me detenhas, pois ainda não subi para o meu Pai” (Jo.20:17). Se depois de três dias Jesus ainda não havia subido ao Pai, então ele não esteve com o ladrão da cruz naquele mesmo dia no Paraíso, que é onde Deus fica (2Co.12:4). Segundo, porque a Bíblia é clara ao dizer que a alma de Jesus esteve no Hades nos dias em que ele esteve morto (At.2:27), e não no Paraíso, que fica no terceiro céu (2Co.12:2-4). O Hades não fica no céu, mas em oposição ao céu (Mt.11:23). Terceiro, porque dificilmente o ladrão da cruz morreu naquele mesmo dia. O normal era os crucificados ficarem por dias pendurados à cruz, razão pela qual Pilatos, experiente em crucificações, ficou surpreso ao ver que Jesus já havia morrido (v. nota em Mc.15:44). Quarto, porque alguns códices antigos, como o Vaticano, colocam um “ponto” (equivalente à nossa vírgula) depois do “hoje”, e cristãos a partir do século V, como Hesíquio de Jerusalém, verteram o texto desta forma.

Quinto, porque os Manuscritos Bc e Sy-C, Antigo Siríaco (datados do terceiro século), grandemente respeitados pela crítica textual moderna, vertem o texto por “eu digo a você hoje, que Comigo tu deve estar no Jardim de Éden” (Jardim do Éden era a forma de se referir ao Paraíso). Sobre a tradução da Peshitta em Lc.23:43, o Dr. Bruce M. Metzger, um dos mais respeitados teólogos e erudito evangélico, escreveu: “O Siríaco Curetoniano rearranja a ordem das palavras juntando semeron [hoje] não com met emou ese, [estará]  mas com amen soi lego [em verdade eu te digo] – ‘Em verdade eu te digo hoje que comigo estarás...’”. Sexto, a vírgula depois do “hoje” faz mais sentido à luz do verso anterior, que fala sobre o ladrão ser lembrado por Cristo quando ele viesse em Seu Reino, na Sua segunda vinda, e Cristo garantia naquele mesmo dia, o “hoje” em questão, que ele estaria com Ele no Paraíso. Era uma forma de dizer: “não precisa torcer para que eu me lembre de você quando voltar; hoje mesmo eu lhe garanto que estarás comigo no Paraíso”. O ladrão queria uma lembrança futura, e Cristo lhe deu uma lembrança (garantia) presente, sobre algo que se consumaria no acontecimento futuro da Sua vinda. Sétimo, expressões como “te ordeno hoje” (Dt.6:6; 11:8; 4:40; 30:11), “declaro hoje” (Jr.42:21; Dt.30:18; At.20:26), “testifico hoje” (Dt.8:19; 32:46), “ponho hoje” (Dt.4:8), “proponho hoje” (Dt.30:15; 11:32), “vos mando hoje” (Dt.11:27), “vos anuncio hoje” (Zc.9:12) e formas semelhantes à de Lc.23:43 ocorrem abundantemente na Bíblia e era uma forma extremamente comum de se comunicar na época.

Por fim, mesmo se a tradução correta fosse a da vírgula anterior ao “hoje” (tradução extremamente improvável), isso não implicaria em imortalidade da alma, já que o parâmetro temporal na eternidade não é um equivalente exato ao parâmetro temporal na terra. Nem Deus nem os anjos vivem sob o parâmetro temporal do chronos, e por essa razão na eternidade “um dia é como mil anos, e mil anos como um dia” (2Pe.3:8). O sentido do verso, neste caso, poderia ser que o ladrão estaria rapidamente ou iminentemente com Cristo, o que ocorreria pelo fato de não existir tempo entre a morte e a ressurreição, e, consequentemente, a vida póstuma se dá através de um piscar de olhos para quem morreu, ainda que tenham se passado longos anos na visão de quem ainda está vivo (v. nota em Fp.1:23).

23.45 o véu do templo se rasgou ao meio. V. nota em Mt.27:51.

23.46 em tuas mãos eu entrego meu espírito. V. nota em At.7:59.

23.48 batendo nos peitos. Reconhecendo o próprio erro.

23.50 membro do conselho. I.e, membro do sinédrio, uma espécie de “senado” da época. Ele era um político considerado “bom e justo” (v.50), o que mostra que não há conflito entre ser cristão e se envolver na política, desde que se mantenha a honestidade e o caráter.

Comentários de Lucas 22

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Este capítulo faz parte da obra: “O Novo Testamento Comentado”, de autoria de Lucas Banzoli e de livre divulgação.
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1. Estava perto a festa dos pães sem fermento, chamada de páscoa.
2. E os chefes dos sacerdotes, e os escribas procuravam um meio de o matar, pois eles temiam ao povo.
3. E Satanás entrou no Judas que era chamado Iscariotes, que era um dos doze.
4. E foi, e falou com os chefes dos sacerdotes e os oficiais, sobre como [o] entregaria para eles.
5. E[estes] se alegraram, e concordaram em lhe dar dinheiro.
6. E [lhes] prometeu, e buscava oportunidade para o entregar quando não houvesse uma multidão.
7. E veio o dia dos [pães] sem fermento, em que se devia fazer o sacrifício da páscoa.
8. E [Jesus] mandou a Pedro, e a João, dizendo:
Ide, preparai-nos a páscoa, para que [a] comamos.
9. E eles lhe disseram:
Onde queres que [a] preparemos?
10. E ele lhes disse:
Eis que, quando entrardes na cidade, um homem com um vaso de água vos encontrará; segui-o até a casa onde ele entrar.
11. E direis ao dono da casa:
O Mestre te diz:
Onde está o salão onde comerei a páscoa com meus discípulos?
12. Então ele vos mostrará um grande salão já arrumado; preparai-a ali.
13. E indo eles, acharam como lhes tinha dito; e prepararam a páscoa.
14. E vinda a hora, sentou-se [à mesa], e com ele os doze apóstolos.
15. E disse-lhes:
Muito desejei comer convosco esta páscoa, antes que eu sofra.
16. Porque eu vos digo, que dela não mais comerei, até que [isto] se cumpra no Reino de Deus.
17. E tomando o copo, e tendo agradecido [a Deus], disse:
Tomai-o, e reparti[-o] entre vós.
18. Porque vos digo, que do fruto da videira eu não beberei, até que o Reino de Deus venha.
19. E tomando o pão, e tendo agradecido [a Deus], partiu-o, e o deu a eles, dizendo:
Isto é o meu corpo, que é dado por vós; fazei isto em memória de mim.
20. De modo semelhante também com o copo, depois da ceia, disse:
Este copo [é] o Novo Testamento em meu sangue, que é derramado por vós.
21. Porém eis que a mão do que me trai [está] comigo à mesa.
22. E realmente o Filho do homem vai conforme o que está determinado; mas ai daquele homem por quem é traído!
23. E começaram a perguntar entre si, qual deles seria o que faria isto.
24. E houve também uma briga entre eles, sobre qual deles era considerado o maior.
25. E [Jesus] lhes disse:
Os reis dos gentios os dominam, e os que exercem autoridade sobre eles são chamados de benfeitores;
26. Mas não [seja] assim entre vós; antes o maior de vós seja como o menor; e o que lidera, como o que serve.
27. Porque qual é maior? O que se senta [à mesa], ou o que serve? Por acaso não é o que se senta [à mesa]? Porém eu estou entre vós como aquele que serve.
28. E vós sois os que tendes permanecido comigo em minhas tentações.
29. E eu vos determino um Reino, assim como meu pai o determinou a mim.
30. Para que em meu Reino, comais e bebais à minha mesa; e vos senteis sobre tronos, julgando as doze tribos de Israel.
31. Disse também o Senhor:
Simão, Simão; eis que Satanás vos pediu, para [vos] peneirar como trigo;
32. Mas eu roguei por ti, que tua fé não se acabe; e quando tu te converteres, fortaleça teus irmãos.
33. E ele lhe disse:
Senhor, estou preparado para ir contigo até à prisão, e à morte.
34. Mas ele disse:
Pedro, eu te digo que hoje o galo não cantará, antes que me negues três vezes que me conheces.
35. E disse a eles:
Quando vos mandei sem bolsa, e sem sacola, e sem sandálias, por acaso algo vos faltou?
E disseram: 
Nada.
36. Então, ele lhes disse:
Mas agora, quem tem bolsa, tome-a, como também a sacola; e o que não tem espada, venda sua roupa, e compre uma.
37. Porque eu vos digo, que ainda é necessário que se cumpra em mim aquilo que está escrito:
E ele foi contado com os malfeitores. 
Porque aquilo que é sobre mim tem que se cumprir.
38. E eles disseram:
Senhor, eis aqui duas espadas.
E ele lhes disse:
É o suficiente.
39. E saindo, foi, como de costume, para o monte das Oliveiras; e os seus discípulos também o seguiram.
40. E quando chegou a aquele lugar, disse-lhes:
Orai para que não entreis em tentação.
41. E se afastou deles, [à distância] de um tiro de pedra. E pondo-se de joelhos, orava,
42. Dizendo:
Pai, se tu quiseres, passa este copo de mim; porém não se faça minha vontade, mas a tua.
43. E apareceu-lhe um anjo do céu, que o fortalecia.
44. E estando em angústia, orava mais intensamente. E seu suor se fez como gotas de sangue, que desciam até o chão.
45. E ele, levantando-se da oração, veio a seus discípulos, e os achou dormindo por causa da tristeza.
46. E disse-lhes:
Por que estais dormindo? Levantai-vos, e orai, para que não entreis em tentação.
47. E enquanto ele ainda estava falando, eis que uma multidão [chegou]; e um dos doze, o que se chamava Judas, ia adiante deles, e se aproximou de Jesus, para o beijar.
48. E Jesus lhe disse:
Judas, com um beijo trais ao Filho do homem?
49. E os que estavam com ele, vendo o que iria acontecer, disseram-lhe:
Senhor, feriremos com a espada?
50. E um deles feriu a um servo do chefe dos sacerdotes, e cortou-lhe a orelha direita.
51. E respondendo Jesus, disse:
Para com isto!
E tocando-lhe a orelha, o curou.
52. E disse Jesus aos chefes dos sacerdotes, e aos oficiais do Templo, e aos anciãos, que tinham vindo contra ele:
Como [se eu fosse] ladrão, saístes com espadas e bastões?
53. Estando eu convosco todo dia no Templo, contra mim não me prendestes; mas esta é a vossa hora, e [sob] a autoridade das trevas.
54. E prendendo-o, [o] trouxeram e o puseram na casa do chefe dos sacerdotes. E Pedro [o] seguia de longe.
55. E acenderam fogo no meio da sala, e sentaram-se juntos, e Pedro se sentou entre eles.
56. E uma serva, vendo-o sentado junto ao fogo, fixando o olhos nele, disse:
Este também estava com ele.
57. Porém ele o negou, dizendo:
Mulher, eu não o conheço.
58. E pouco depois, outro o viu, e disse:
Também tu és um deles.
59. E quando já tinha passado quase uma hora, outro afirmava, dizendo:
Verdadeiramente também este estava com ele, porque também é galileu.
60. E Pedro disse: 
Homem, não sei o que dizes.
E logo, estando ele ainda falando, cantou o galo.
61. E o Senhor, virando-se, olhou para Pedro; e Pedro se lembrou da palavra do Senhor, como lhe tinha dito:
Antes que o galo cante, tu me negarás três vezes.
62. E Pedro, saindo, chorou amargamente.
63. E os homens que tinham prendido a Jesus zombavam dele, ferindo-o;
64. E cobrindo-o, feriam-no no rosto; e perguntavam-lhe, dizendo:
Profetiza, quem é o que te feriu?
65. E diziam muitas outras coisas contra ele, insultando-o.
66. E quando já era de dia, juntaram-se os anciãos do povo, e os chefes dos sacerdotes, e os escribas, e o trouxeram ao seu conselho,
67. Dizendo
Tu és o Cristo? Dize-nos.
E ele lhes disse:
Se eu vos disser, não o crereis.
68. E também se eu perguntar, não me respondereis, nem [me] soltareis.
69. A partir de agora o Filho do homem se sentará à direita do poder de Deus.
70. E todos disseram:
Então tu és o Filho de Deus?
E ele lhes disse:
Vós dizeis que eu sou.
71. E eles disseram:
Para que precisamos de mais testemunho? Pois nós mesmos o ouvimos de sua boca.



22.2 procuravam um meio de o matar. V. nota em Mc.11:18.

22.3 Satanás entrou em Judas. Certamente Judas já era endemoniado antes disso (Jo.6:70), mas agora era o próprio Satanás que pessoalmente tomaria as rédeas da situação e entraria em Judas para levá-lo aos seus propósitos.

22.6 quando não houvesse uma multidão. Para evitar um tumulto (Mc.12:12).

22.19 isto é o meu corpo. V. nota em Mc.14:22.

22.19 fazei isto em memória de mim. A Ceia não é uma repetição do sacrifício de Cristo – como ocorre na missa católica –, mas sim um memorial, uma lembrança do que Cristo fez por nós na cruz. A Bíblia é muito clara em dizer que Jesus foi “oferecido uma vez por todas” (Hb.9:12; 10:10), que ele “não pode mais morrer” (Rm.6:9) e que não há “sacrifícios dia após dia” (Hb.7:27). Ele “apareceu uma vez por todas no fim dos tempos, para aniquilar o pecado mediante o sacrifício de si mesmo” (Hb.9:26). Repetir um sacrifício único e eterno é uma heresia que beira a blasfêmia.

22.24 qual deles era considerado o maior. V. nota em Mc.9:34.

22.26 não será assim entre vós. V. nota em Mt.20:26.

22.32 roguei por ti, que tua fé não se acabe. Porque Jesus sabia que Pedro o negaria três vezes, e temia que o desânimo posterior o levasse à ruína, como levou a Judas. fortaleça teus irmãos. É dever de todos os cristãos fortalecer e encorajar os irmãos na fé. O autor de Hebreus diz a todos (não só a Pedro) para “tornar a levantar as mãos cansadas e os joelhos vacilantes” (Hb.12:12), Tiago diz para “fortalecer os vossos corações” (Tg.5:8), Paulo diz para “fortalecei-vos no Senhor e na força do seu poder” (Ef.6:10), para “consolai-vos uns aos outros” (1Ts.4:18) e para “exortai-vos uns aos outros e edificai-vos uns aos outros” (1Ts.5:11). Em Isaías Deus diz: “fortalecei as mãos fracas, e firmai os joelhos vacilantes” (Is.35:3). É dever de todos nós “considerarmos uns aos outros para incentivar-nos ao amor e às boas obras” (Hb.10:24). Tal tarefa não é, nem nunca foi, atribuição exclusiva ou especial a Pedro. Jesus disse aquilo a Pedro nesta ocasião por causa de seu contexto imediato, pois havia predito no verso anterior que Satanás o tentaria (v.31), como de fato o fez, o levando a negar Jesus três vezes, como ele próprio diz logo em seguida que aconteceria (v.34). Então, dentro deste contexto, Jesus diz que, quando isso tudo passasse, Pedro seria usado por Deus para fortalecer seus irmãos (v.12), fazendo o mesmo que é dever de todos os cristãos, não apenas de Pedro. Ele iria cair naquela tentação, mas depois seria recolocado em seu devido lugar como cristão, junto aos demais “embaixadores de Cristo” (2Co.5:20), para pregar o evangelho a toda criatura (Mc.16:15) e para fortalecer uns aos outros (Lc.22:32; Tg.5:8; Hb.10:24; Is.35:3; Ef.6:10). Pedro não ficaria caído para sempre, mas seria restaurado por Ele.      

22.38 eis aqui duas espadas. As espadas eram para ser usadas em legítima defesa, e não para o ataque. Pedro provavelmente não entendeu isso, e atacou o servo do sumo sacerdote, decepando-lhe a orelha (Jo.18:10), sendo repreendido por Cristo por causa disso (Mt.26:52). Os cristãos não estão absolutamente proibidos de fazer uso da “espada” para autodefesa, mas estão terminantemente proibidos de usá-la para o ataque.

22.40 orai para que não entreis em tentação. V. nota em Mt.26:41.

22.42 este copo. V. nota em Mc.14:36.

22.42 não se faça minha vontade, mas a tua. Esta deve ser a disposição de todo verdadeiro cristão na oração. Por mais que tenhamos vários desejos e que seja absolutamente natural orarmos para que estes desejos sejam realizados, o nosso maior desejo deve ser que a vontade de Deus se cumpra, e não a nossa própria vontade. Deus até pode responder à oração perseverante de alguém que insiste em algo que não Lhe agrada, como quando atendeu a contragosto o pedido dos israelitas de terem um rei (1Sm.8:5-22), mas isso sempre irá se voltar contra a nossa própria vida, pois Deus sabe perfeitamente o que é melhor para nós, mais do que nós mesmos. A sujeição da nossa vontade à vontade de Deus deve ser o foco principal na oração dos cristãos.

22.44 estando em angústia, orava mais intensamente. Muitas vezes as adversidades e tribulações nos levam a agarrar ainda mais firme em Deus, se deixarmos ele trabalhar em nossas vidas em meio a elas. Assim como uma criança quando se vê em perigo apega-se aos pais e se agarra neles, nós geralmente temos essa mesma reação quando nos sentimos ameaçados. O problema é quando pensamos que tudo anda bem e que não precisamos nos agarrar em Deus tanto assim. Proclamamos a “liberdade” e a independência, tentamos fazer as coisas da nossa própria maneira e soltamos a mão daquele que é o nosso único abrigo e refúgio – e essa autoconfiança é a causa de muita apostasia na fé. Cristãos não tem que confiar em si mesmos, mas em Deus. Só vencemos quando admitimos nossa própria insignificância e nos apegamos nele, e só perdemos quando achamos que já somos suficientemente bons e capazes para andarmos sozinhos.

22.45 achou dormindo. V. nota em Mt.26:38.

22.49 feriremos com a espada? Eles não esperaram a resposta, mas já foram logo presumindo que sim (v. nota em Lc.22:38).

22.50 um deles. João afirmou que foi Pedro (Jo.18:10).

22.53 esta é a vossa hora. A hora da serpente ferir seu calcanhar (Gn.3:15).